Agentes fazem visitas regulares a idosos que vivem sozinhos em Matosinhos. Primeiro caso de infeção terá surgido num centro de apoio junto à Câmara.
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São pelo menos 295 as pessoas infetadas pela Covid-19 em Matosinhos. O concelho é o quinto do país com maior número de casos, superado apenas por Porto, Lisboa, Gaia e Maia, conforme ditam os dados revelados pela Direção-Geral da Saúde.
Para prevenir o contágio e atrasar a propagação da doença, a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, também diagnosticada com o novo coronavírus, relembra que a Autarquia desinfeta todos os espaços públicos do concelho. O município mostrou-se disponível para, na fase de reconstrução da economia local, complementar as linhas de apoio financeiro às empresas criadas pelo Governo, se necessário.
"Perante as dificuldades, devemos unir-nos na procura de soluções e temos que estar dispostos a, coletivamente, fazer um exercício de humildade e de sacrifício", escreveu a autarca no JN, após ter dado positivo no teste para a Covid-19.
Também o vereador da Educação e da Qualificação Ambiental, António Correia Pinto, testou positivo para o novo coronavírus e permanece internado no Hospital Pedro Hispano.
O primeiro caso de Covid-19 no concelho terá sido registado num centro de apoio na Rua de Alfredo Cunha, junto à Câmara. O serviço encerrou a 6 de março porque um dos profissionais estava infetado. Outros 19 profissionais ficaram sob vigilância em casa.
De forma a garantir o isolamento e a proteção dos mais vulneráveis, a Polícia Municipal faz visitas regulares a mais de 40 idosos. Dina Ribeiro, de 42 anos, e Patrícia Pereira, de 43, são as duas agentes nomeadas para prestar esse apoio.
O programa "Idosos em segurança", que já existe há cerca de sete anos, vê hoje a sua importância reforçada. "Telefonamos para saber como estão e às vezes levamos pão fresco e outros alimentos", refere Paula Bandeiras, diretora de departamento de Polícia Municipal e Fiscalização, salientando que "o mais difícil é convencê-los a ficar em casa".
Isolados
Maria Clotilde Pinheiro, de 64 anos, é a pessoa mais nova a beneficiar da assistência da Polícia Municipal. Vive sozinha em Santa Cruz do Bispo. Com a saúde já muito debilitada e o marido hospitalizado, a sua única companhia é uma gata - a "Pretinha", como carinhosamente lhe chama.
"Dorme comigo todas as noites", sorri Clotilde, enquanto Dina e Patrícia lhe entregam fruta.
Para tomar insulina, Maria Afonso, de 83 anos, recebe todos os dias uma pessoa em casa. Uma situação que, para Patrícia e Dina, não é ideal em tempos de pandemia e que foi rapidamente alterada. Uma enfermeira do centro de saúde foi ensinar à idosa como administrar insulina a si própria e, assim, evitar mais visitas.
Televisor desligado
Há 50 anos que a "Dona Mimi" e o "Senhor Joaquim", como toda a gente os conhece, passam os dias juntos. Sempre com o televisor desligado. Isto porque, conta Dina, a quantidade de informação sobre o novo coronavírus já provocou à senhora de 88 anos um ataque de ansiedade.
Os conselhos que Dina e Patrícia dão são sempre: "Fiquem em casa e não abram a porta a ninguém".