Políticos e artistas pedem classificação e expropriação da casa de Almeida Garrett
Movimento lançou petição que exige ação ao Governo e organizou, na tarde deste domingo, um protesto que juntou políticos e artistas do Porto. Fotos: Pedro Granadeiro
Corpo do artigo
Mais do que "esperar que os portuenses se levantem" na defesa da casa onde Almeida Garrett nasceu, no Centro Histórico do Porto, é a intervenção do Governo que é exigida pelo grupo de cidadãos e artistas que este domingo levou a cabo uma ação de protesto diante do imóvel devorado pelas chamas em 2019 e para o qual estará previsto um hotel.
Entre as medidas pedidas ao Ministério da Cultura numa petição lançada ontem, véspera do 170.º aniverário da morte do autor de "Viagens na minha terra", está a "classificação do imóvel" e o "uso da figura da expropriação", já que "tudo indica um incêndio fraudulento, porque ocorreu uma semana depois de a Câmara ter votado por unanimidade a constituição de um museu do Liberalismo", afirma Francisco Alves, da companhia portuense Teatro Plástico, que organizou a iniciativa com o apoio da Escola Artística Árvore.
"Nada está perdido"
O movimento vai ainda "propor à comissão de toponímia que a rua [Dr. Barbosa de Castro, onde se situa a casa do escritor] passe a chamar-se Rua de Almeida Garrett. A sugestão é acompanhada pela comunista Ilda Figueiredo, que em 2017, quando "a casa ainda estava em condições razoáveis", propôs à Câmara que procedesse à sua "aquisição, para a transformar num museu".
Também presente na manifestação, o socialista Manuel Pizarro, que no fim de semana foi eleito para encabeçar a candidatura do partido à Câmara do Porto, sublinhou que "nada está perdido". Embora reconhecendo que se está a "lutar contra o poder do dinheiro e do negócio, que parece inevitável", o ex-ministro da Saúde lembrou que "já houve muitas coisas no Porto que pareciam inevitáveis e que puderam ser contrariadas graças à persistência das pessoas do Porto".
Reforçando que "este não é um processo terminado", Francisco Alves explicou que a petição não é dirigida ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, por o movimento entender que o autarca "teve oito anos para classificar o edifício e nada fez".
Petição pública
A petição "Em defesa da preservação cultural e histórica da casa onde nasceu e viveu Almeida Garrett através da criação da Casa Garrett" está alojada na plataforma Petição Pública.
Mais ações
A organização do protesto diz que "não é ato único e é para continuar".