Está encerrada ao trânsito há mais de 10 meses e não há perspetiva de quando possa ser reaberta a ponte na Rua Agra das Pedras, em Lijó, Barcelos.
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Com a travessia cortada, a estrada de pouco serve aos muitos que ali viam uma forma mais rápida de chegar à Unidade de Saúde Familiar, à farmácia, à EN306 ou até mesmo aos vários campos agrícolas do outro lado.
O piso abateu, a ponte foi encerrada pela Câmara, a 26 de setembro de 2018, e ainda não se sabe quando será reposta a circulação. As obras não começaram e também não há datas apontadas.
Carlos Ferreira mora ali e tem uma vacaria com mais de uma centena de animais a poucas dezenas de metros de distância da ponte. Diz que os prejuízos mensais rondam as centenas de euros, não só para ele, que viu cortado um acesso a vários terrenos agrícolas, mas também para as entidades com quem trabalha. "O camião das rações vem cá duas a três vezes por semana e o do leite vem dia sim, dia não. Já viu o que é um veículo grande ter de fazer marcha atrás uns 500 metros nesta rua estreita e depois andar pelo meio da freguesia quando, pela ponte, chegava rápido à Nacional 306?", questiona o agricultor, que prevê prejuízos ainda maiores na época das silagens, no próximo mês.
Carlos Ferreira diz que o aluguer da máquina que faz a silagem custa entre 150 e 170 euros por hora e que se os reboques que fazem o transporte do silo perderem muito tempo na estrada, elas ficam paradas mas o relógio conta sempre. "Nos tempos de hoje, não se justifica demorar tanto para uma coisa pequena destas", acrescenta, revoltada, a mulher, Lurdes Duarte.
Às voltas na freguesia
Caricata é também a situação de Lurdes Miranda. Mora a menos de 50 metros da ponte, mas tem um campo agrícola do outro lado. A pé não demora mais de um minuto, mas de trator tem de dar a volta à freguesia. "Chega até a ser ridículo, o campo é mesmo ali e não posso lá chegar", lamenta.
O presidente da Junta, Joaquim Dantas (PSD), acusa o presidente da Câmara, o socialista Miguel Costa Gomes, de ter "ódio" pela freguesia, com cerca de dois mil habitantes. "E isso resulta sempre em desprezo e discriminação", atira. Entretanto, se a obra não avançar até 26 de setembro, quando faz um ano desde o encerramento da ponte, Joaquim Dantas ameaça com uma manifestação.
A obra é da responsabilidade da Câmara, que explicou ao JN, através do gabinete de comunicação, que "as questões técnicas estão a ser tratadas, tal como o PSD bem sabe", mas que a obra não depende apenas da Autarquia, mas de entidades externas, como sendo a Agência Portuguesa do Ambiente. "Existem prazos a respeitar e entidades a que temos de pedir pareceres", remata a Câmara de Barcelos.
Vozes
"Cultivo um campo do outro lado da ponte. De trator demoro 20 minutos para chegar a um sítio a 50 metros"
"Pessoas que vêm de longe ao médico deixam os carros do outro lado da ponte e depois vão a pé"
"Tenho um prejuízo de mais de 300 euros por mês em combustível. Ando às voltas se quero ir aos campos"