Um repositório genealógico, que foi apresentado ao público, esta sexta-feira, vai permitir aos nativos de Caminha fazerem as suas árvores genealógicas e conhecerem a história dos seus antepassados e respetivas comunidades.
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Foi construída uma plataforma com cerca de 120 mil pessoas cadastradas, com recolha de dados dos registos paroquiais, entre os séculos XVII e XX, de todas as 18 freguesias daquele concelho. E que, além de possibilitar à população, incluindo a emigrante, “recuar” no tempo e seguir os passos da vida dos seus ancestrais, desde o nascimento e casamento até à morte, permite também reconstituir comunidades históricas e retratar a própria evolução do território. Segundo Aurora Rego, investigadora responsável pelo projeto, Caminha é agora “o primeiro concelho do país a ter um repositório completo com todas as freguesias”.
“Este repositório centra-se nos registos paroquias, de nascimento, casamento e óbito, freguesia a freguesia. No total são 18. Até à implantação da República e à formação dos cartórios, eram somente os párocos que escreviam e lançavam todos esses assentos [registos]”, indica Aurora Rego, explicando que a base de dados nasceu a partir do seu projeto de doutoramento, que versou a origem da sua terra natal, Vila Praia de Âncora.
“Queria estudar a minha terra e perceber como é que uma freguesia tão pequenina, Gontinhães, tinha evoluído para vila, com sua elevação em 1924, há cem anos”, indicou a investigadora, referindo que partiu depois para a recolha de dados e construção da genealogia de todo o concelho, tendo por base uma metodologia da autoria de Alberta Amorim da Universidade do Minho.
“Esta base de dados tem tantas virtualidades, que para além das nossas raízes familiares, poderemos chegar ao estudo da comunidade. Ficamos com uma visão global de como a sociedade se movia durante esses séculos, entre 1600 e 1900”, disse, acrescentando que o repositório “termina em 1911 por razões de sigilo de proteção de dados”. E qualquer pessoa pode pesquisar sobre os seus ancestrais “inserindo, em princípio, o nome dos bisavós”. “Para trás temos toda a história familiar, com sorte até 1600”, assegura, comentando que ela própria conseguiu “recuar até 1624” na sua família materna.
A genealogia do concelho de Caminha pode ser consultada na plataforma digital da Casa de Sarmento (Universidade do Minho), onde se encontra alocado o Repositório Nacional, e também no website do município de Caminha [área “Viver”].