A população da localidade de Javali, a 12 quilómetros da vila de São Brás de Alportel, já abandonou as casas e está apreensiva com o fogo que se avista a cerca de três quilómetros. O comando das operações de combate ao incêndio na serra do Caldeirão vai ser reorganizado em dois setores para facilitar a coordenação e racionalizar os meios.
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Nas últimas horas, o combate ao incêndio foi reforçado com um avião 'Canadair' espanhol e um avião pesado anfíbio, segundo o Comandante de Operações de Socorro, José Ribeiro.
A reorganização do posto de comando passa por constituir dois postos móveis no terreno, em Tavira, onde já existe um primeiro posto, e em São Brás de Alportel, explicou o responsável.
O incêndio está a evoluir em duas frentes e a que mais preocupa os bombeiros é a frente oeste, que progride "com grande intensidade" na zona de Javali, concelho de São Brás de Alportel.
Custódio Guerreiro, de 70 anos, mora em Javali com a mulher e está nas redondezas da aldeia, no cimo de um monte, a observar uma das frentes do fogo, a três quilómetros. "As autoridades pediram-nos gentilmente para sair daqui porque estávamos em perigo", disse, acrescentando que existem na população cerca de 10 casas. "Os poucos habitantes estão a viver a situação de forma triste e estão aflitos", acrescentou.
As frentes sul e leste, em Tavira, são as que inspiram menos cuidados, estando uma a evoluir "favoravelmente ao combate" e outra já dominada, explicou o Comandante de Operações de Socorro. "É na zona que nos causa mais preocupação que estamos a exercer um maior esforço, quer com meios terrestre, como aéreos, para tentar segurar o incêndio ali naquela zona", afirmou.
Segundo José Ribeiro, o incêndio alastrou rapidamente porque aquela área tem uma dimensão muito extensa, os acessos são difíceis devido ao terreno acidentado e as povoações estão dispersas.
Além disso, as condições meteorológicas também têm ajudado à propagação das chamas: ventos fortes acima dos 30 quilómetros por hora, humidades relativas abaixo dos 30 por cento e temperaturas, em alguns casos, a rondar os 40 graus, acrescentou.
Durante a madrugada, o combate foi reforçado por elementos de Leiria, Aveiro, Porto, quando já tinha antes recebido grupode de reforço de Lisboa e Setúbal, e por pelotões de militares.
O fogo que deflagrou na tarde de quarta-feira em Tavira e que também atinge o concelho vizinho de São Brás de Alportel mobilizava às 14 horas, segundo a página da Proteção Civil na internet, 630 operacionais, nove meios aéreos e 189 veículos.