
Equipa em ação na localidade de Pêras Ruivas
Nuno Brites/Global Imagens
Sem margem financeira para contratações, a Junta de Freguesia de Seiça, no concelho de Ourém, encontrou uma solução que reúne autarcas em tarefas de limpeza de bermas, passeios, valetas e espaços públicos.
Diz a sabedoria popular que, quem não tem cão, caça com gato. Um ditado que o novo executivo da Junta de Freguesia de Seiça, no concelho de Ourém, tem seguido à letra. Sem dinheiro para contratar, a equipa liderada por Ângela Marques pôs, literalmente, mãos à obra e, com a ajuda de alguns fregueses, tem vindo a limpar bermas, passeios, valetas e espaços da junta.
"Aqui, sem ovos também se fazem omeletes", brinca José Faria, antigo presidente da autarquia e atual secretário do executivo, que integrou a equipa de voluntários que esteve em ação no lugar de Pêras Ruivas. A esta, coube a tarefa de cortar a vegetação junto à estrada principal, onde Inês Reis, de 15 anos, e uma amiga estavam incumbidas de controlar o trânsito.
A jovem conta que a tia integra o executivo e que a convidou a participar, um desafio que aceitou prontamente. "Se todos ajudarmos, torna-se mais fácil. É uma forma de contribuirmos para melhorar o espaço onde vivemos", diz. Noutro ponto da aldeia, encontramos a presidente de junta de enxada na mão. Depois de limpar o lavadouro, a sua equipa está a desentupir uma valeta.
Há anos que a roçadora não passava aqui. Se não fosse a brigada de voluntariado, teria de ficar assim mais uns tempos
"Há anos que a roçadora não passava aqui. Se não fosse a brigada de voluntariado, teria de ficar assim mais uns tempos", assume Manuel Dias, também membro do executivo, que se fez acompanhar do filho, de 14 anos, incumbido de varrer a estrada.
Estreante na política, mas como longo currículo no associativismo - "uma grande escola de fazer sem receber nada em troca" -, Ângela Marques conta que a ideia da brigada surgiu durante a campanha eleitoral, "mais em jeito de brincadeira". Mas, quando assumiu funções e e se viu "sem margem para investimentos", passou à ação. A autarca, de 39 anos, explica que "a junta não tem nenhum cantoneiro", pelo que teria de pagar o serviço, "o que está fora de questão, por dificuldades financeiras".
Para António Costa, presidente da Assembleia de Freguesia, a iniciativa é também uma forma de "envolver as pessoas na vida da freguesia" e de estar "próximo" destas, que vão ajudando a identificar necessidades e colaborando nas tarefas, incluindo a confeção de refeições para os voluntários e a oferta de produtos.
"Na campanha, ouvimos muitas vezes dizer que 'os políticos só passam de quatro em quatro anos'. Queremos fazer diferente", promete Ângela Marques.
