Desde esta sexta-feira que os serviços instalados no edifício-sede da Câmara de Mafra não funcionam à sexta-feira, estando abertos até mais tarde nos restantes dias. Uma medida que agrada aos trabalhadores e à qual os munícipes reagem com indiferença.
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O despacho do presidente da autarquia, Ministro dos Santos (PSD), data do início de Dezembro passado e tem efeitos a partir de ontem (ler caixa). Na origem da medida pioneira ao nível das autarquias locais estão questões de ordem económica, mas também de justiça para com os funcionários dos sectores administrativo e técnico, que há muito reivindicavam tratamento igual aos colegas do sector operário. A população considera que a alteração dos horários em nada afectará o atendimento ao público.
Ramiro Pacheco de Sousa, um reformado da Marinha, de 81 anos, residente na freguesia de Santo Isidro, foi ontem apanhado desprevenido e acabou por voltar para casa sem tratar dos seus assuntos. Só quando chegou à porta do edifício municipal tomou conhecimento desta novidade, através do cartaz ali afixado.
"Não sabia que a Câmara agora não funciona à sexta-feira, caso contrário, teria vindo noutro dia", afirmou ao JN. Para este reformado, as mudanças no horário de atendimento ao público em nada o afectarão. "Agora que já sei, sempre que precisar de aqui vir, venho nos outros dias, que não a sexta-feira", sublinhou.
Embora desconheça os motivos que estão na base desta tomada de decisão, este munícipe acredita que "se esta foi tomada, é porque o presidente da Câmara considera que é melhor assim".
Todos os munícipes com quem o JN ontem falou partilham da mesma opinião. "É uma questão de nos habituarmos aos novos horários. Ainda por cima, nos outros dias a Câmara até passa a funcionar até mais tarde", referiu a funcionária de uma papelaria.
Cristóvão Manecas, 75 anos, residente na sede de concelho, soube apenas ontem que o edifício municipal deixou de funcionar no último dia útil da semana. Mas também a ele não lhe causará qualquer transtorno esta alteração. "Tal como antes, só poderemos ir à Câmara no horário de expediente. Se agora não funciona à sexta-feira, vamos nos outros dias", diz.
Aparentemente, os funcionários municipais afectados por esta mudança - cerca de 250 - estão satisfeitos. Vítor Jesus, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) disse, ao JN, que "a medida foi bem aceite". "Até agora não nos chegou nenhum sinal de descontentamento", acrescentou.
De acordo com o mesmo dirigente sindical, "estes trabalhadores até andavam descontentes pelo facto do pessoal do sector operário já ter, há muito tempo, este modelo de horário de trabalho e eles não. Consideravam que era uma injustiça".
Desta forma, ganham uma folga extra, que poderão utilizar para tratar de assuntos pessoais ou estar mais tempo com a família, acrescenta o mesmo sindicalista.
A.R., marido de uma funcionária administrativa da Câmara, que pediu o anonimato, diz, na brincadeira, que agora terá de "a aturar mais tempo". Um pouco mais a sério, referiu que a mudança de horários não lhes causou qualquer transtorno pessoal. "E sempre que tenho assuntos a tratar com a Câmara, a minha mulher encarrega-se disso", afirmou.