Reinstalação de aparelhos da água no exterior em Macedo de Cavaleiros é obrigatória e custa 50 euros. Câmara diz que é para evitar perdas e furtos
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A obrigatoriedade de reinstalar os contadores da água no exterior das habitações no concelho de Macedo de Cavaleiros está a criar polémica. A mudança custa cerca de 50 euros aos consumidores e nem todos querem pagar.
A decisão foi tomada pelo município, liderado por Benjamim Rodrigues (PS), para substituir os velhos contadores por uns mais inteligentes, por forma a "reduzir as perdas e furtos de água na rede pública", justificou ao JN.
Apesar das boas intenções, nem toda a população aceita de bom grado. "Se a câmara fizer a obra não me importo que mudem o contador para fora de casa, mas eu é que não trato do assunto. Tenho o contador dentro de casa há 50 anos e pode continuar", desabafou Idalina Malta, 92 anos, residente na aldeia de Podence, desagradada por ter de pagar a reinstalação.
Há quase um mês que António Ferreira passou a ter um contador inteligente na sua casa em Murçós. "Está melhor na rua, porque não preciso de estar em casa para contarem os consumos", refere o idoso, com cerca de 80 anos, que não sabe se tem de pagar a recente reinstalação.
A medida deu azo a críticas dos partidos da oposição, PSD e do PCP. "A vida está difícil e vem o executivo impor, com ameaças, a execução de obras com custos elevados para os munícipes", referiu uma fonte da Concelhia do PSD. Os comunistas dizem que "é uma política de intimidação e de insensibilidade social".
Concelho que mais perde água no país
O vice-presidente da Câmara de Macedo de Cavaleiros, Rui Vilarinho, justificou que a instalação de contadores inteligentes visa cumprir o que está na lei há muitos anos e que, durante décadas, foi ignorado por sucessivos executivos. "Desde 2017, temos vindo a procurar resolver, de forma consistente, um problema que muito onera as contas municipais: as perdas e furtos de água na rede pública", explicou o vice-presidente.
Em cinco anos, a autarquia conseguiu reduzir em 24,6% as perdas de água na rede, o que representa uma poupança anual de 200 mil euros. "Passamos de perdas de água de 81,5% (o pior concelho a nível nacional) para 56,9 em 2022", vincou o autarca.
A instalação dos novos contadores no exterior das habitações custa ao consumidor 50 euros, incluindo a mão de obra e a caixa de instalação. No caso de famílias com dificuldades, o valor é suportado pelo município.
A câmara está a investir 1,1 milhões de euros para substituir 4300 contadores por equipamentos dotados de telemetria, para medir em tempo real o consumo de água.
Agricultores queixam-se do aumento do preço
Entretanto, os agricultores e produtores de gado queixam-se que o preço da água para regadio aumentou drasticamente este ano em Macedo de Cavaleiros. As taxas de 2023 aumentaram em média 50%, podendo variar entre 29% e 150% de subida face ao ano anterior.
Por exemplo, uma pequena horta (até 500 m2) que no ano passado pagava aproximadamente 45 euros passará agora a pagar acima de 65 por causa da subida das taxas.
O regadio é gerido pela entidade Gestora do Aproveitamento Hidroagrícola de Macedo de Cavaleiros - Associação de Beneficiários.