A demolição do coreto da igreja de Lovelhe, em Vila Nova de Cerveira, prevista pela junta de freguesia local, foi travada pela vontade da população. Numa reunião para debater a destruição do equipamento, os habitantes manifestaram-se contra a ação e a autarquia. liderada por Constantino Costa, acabou por desistir.
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Há duas décadas que o coreto estava ameaçado de demolição. A destruição do coreto foi aprovada, por unanimidade, pela Assembleia de Freguesia local em 2005 e o atual Executivo decidiu tentar concretizá-la, mas esbarrou na determinação da população.
“Ficou em águas de bacalhau. O coreto não vai abaixo, porque as pessoas não querem que vá e, pronto, fica ali o “pombal” ao lado da igreja”, declarou o presidente da União de Freguesias de Vila Nova de Cerveira e Lovelhe, Constantino Costa, recordando que aquele coreto existe há, pelo menos, cerca de meio século.
“Teve utilidade na altura em que foi feito. Passado alguns anos, teve de ser ampliado, mas, agora, já é pequeno e a sua utilidade praticamente é nenhuma”, afirmou o autarca. “Nas festas. não cabe uma banda e, acima de tudo, fica feio ali ao lado da igreja. Faz-me lembrar dois ciprestes que havia em frente à igreja, que deram uma guerra grande. Acabaram por podá-los e, depois, por cortá-los e a igreja ficou muito mais aliviada”.
Acesso para mobilidade reduzida
Num primeiro momento, a Fábrica da Igreja reuniu e decidiu colocar, nas caixas de correio, uma carta, convocando a população a dar a sua opinião através de votação numa assembleia paroquial, a 4 de maio. O não à demolição terá vencido por unanimidade.
Face à contestação, a Junta convocou uma reunião para “informar a população” sobre a intenção de demolir o coreto, tendo, “como contrapartida, a abertura de um acesso para pessoas com mobilidade reduzida”. A aldeia tem 485 eleitores e, segundo a autarquia, terão comparecido “44 habitantes”. Apesar da afluência reduzida, a vontade será respeitada.
“Como as pessoas não quiseram, o coreto fica lá”, garante Constantino Costa, adiantando que a população argumenta com “memórias do passado” para se manifestar contra a destruição daquele que será “senão o último, um dos últimos coretos do concelho. O coreto não pesa ali, nem estorva ninguém, mas, quanto a mim, é um mamarracho que ali está. Costumo dizer que aquilo mais parece um pombal do que um coreto”, conclui o autarca.