Qual é a relação entre a falha de energia elétrica e milhares de torneiras secas por todo o país? Sem luz, a água não chega aos reservatórios nem consegue ser bombeada para os andares mais altos, sobretudo quando, por causa do apagão, foi preciso reduzir o volume de água entregue aos consumidores.
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O JN falou com o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, e com o presidente do conselho de administração das Águas de Gaia, Miguel Lemos Rodrigues, para compreender a ligação entre estes sistemas.
O apagão geral que assolou Portugal e Espanha numa escala nunca antes vista deveu-se a uma falha de energia, que, por sua vez, levou ao corte do abastecimento de águas durante várias horas.
Tanto no Porto como em Gaia, o percurso que a água faz até chegar a nossas casas é bastante similar. "O abastecimento é feito de forma gravítica, originário da Estação de Tratamento de Águas de Lever, sendo distribuído pelos municípios abrangidos pelas Águas do Douro e Paiva. Este sistema bombeia água para as estações e, perdendo energia nessas estações elevatórias, não é possível fazer o abastecimento dos reservatórios", começou por explicar, Filipe Araújo.
Como a falha de energia não permitia o normal funcionamento do sistema, os responsáveis pela gestão da crise tiveram de "reduzir o consumo geral para fornecer zonas estratégicas" prioritárias, como os hospitais ou o Instituto Português de Oncologia do Porto. No caso de Gaia, Miguel Lemos Rodrigues explicou que o processo é similar ao do Porto, sendo que se recorreu ao "uso de geradores a combustível para tentar compensar" a falta de energia.
"Neste momento, o abastecimento de água está reposto em todo o nosso território e, mesmo ontem [segunda-feira], os problemas que tivemos foram pontuais. O que falhou foi, essencialmente, em prédios que necessitavam da bomba de água para fazer a água chegar aos andares de cima", revelou.
No caso dos prédios com mais andares, a falta de pressão, que se deveu à necessidade de reduzir o volume de água que estava a ser disponibilizado, dificultou a missão de vencer a gravidade e deixou milhares de pessoas sem abastecimento aquático em casa durante mais tempo.
No entanto, tanto Filipe Araújo como Miguel Lemos Rodrigues consideram que a resposta à crise "foi muito positiva" e que, agora, é tempo de tirar ilações para aprimorar os planos de contingência.