Município discorda das duas soluções apresentadas e propõe uma alternativa menos prejudicial à população.
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O município de Porto de Mós pronunciou-se, esta quinta-feira, contra as duas propostas de traçado da linha de alta velocidade no concelho e avançou com uma terceira opção, que, segundo a autarquia, terá menos impactos na qualidade de vida da população.
"O primeiro bem a defender é bem-estar das pessoas. E a melhor forma de o fazermos é com uma alternativa de traçado que faça a conjugação das duas soluções em estudo", afirmou o presidente do município, Jorge Vala, na reunião de câmara realizada esta quinta-feira.
Nessa sessão, o executivo discutiu o parecer que a autarquia vai apresentar no âmbito da consulta pública da avaliação de impacto ambiental do troço Soure-Carregado, que atravessa o concelho, afetando as freguesias de Juncal e Calvaria de Cima, numa extensão de cerca de sete quilómetros.
Frisando que se trata de um projecto de interesse nacional, o parecer defende que, "do ponto de vista da manutenção da qualidade de vida das populações, da redução do impactes ambientais e da preservação e salvaguarda dos recursos naturais, bem como da manutenção das áreas agrícolas", a conjugação das duas opções de traçado é o "mais favorável ao concelho". "É uma solução fazível, mais direta do que as apresentadas em sede de estudo prévio e, sobretudo, a que mais defende o bem-estar da população", alega o presidente da câmara.
Jorge Vala assinala ainda que a alternativa apresentada pelo município "afasta" a linha de alta velocidade dos aquíferos que abastecem o concelho, embora reconheça que irá afetar uma "vasta mancha" de terrenos agrícolas, o que, assume, também terá impactos. "Há muito gente que vive da agricultura, mas, desta forma, as suas casas e os seus quintais não serão afetados", ressalva o autarca, que é acompanhado nesta sua oposição pelos vereadores da oposição. "Aproveitamos o melhor de cada uma das opções, para uma terceira solução que salvaguarde mais as pessoas", reforça o socialista Rui Marto.
Caso a proposta do município não seja aceite, o entendimento do executivo é que a solução "B", que passa mais a poente, se revela "menos intrusiva". Já a opção "A" aponta para a construção de um túnel que "corta a meio" o lugar do Andam e atravessa "todo o vale do Juncal, rico em exploração agrícolas de fruta" e terá "impacto significativo" nos recursos hídricos existentes no local.
"Somos manifestamente contra esta proposta que põe em causa mais de 50 habitações", afirma o presidente da Câmara, frisando que, embora "não tenha afetação direta no tecido habitacional", a opção "B" vai ter "impactos na qualidade de vida", já que "há muitas casas a menos de 200 metros" da linha.