Faz amanhã, segunda-feira, dois anos que a falta de médicos levou município a criar Plano de Saúde Para Todos, que dá acesso a serviços a preços mais baixos
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A falta de médicos de família levou a Câmara de Porto de Mós a criar, há precisamente dois anos, o Plano de Saúde Para Todos, que permite à população ter consultas e fazer exames em clínicas privadas a preços mais baixos. Para cobrir a diferença, a autarquia do distrito de Leiria investe cerca de 150 mil euros por ano. Até ao momento, aderiram mais de 15 mil habitantes.
Para poderem beneficiar do apoio de mais de 35 mil prestadores de cuidados de saúde de todo o país, os munícipes têm apenas de preencher um formulário no site da autarquia. Depois, passam a ter acesso a consultas de clínica geral a 25 euros, de especialidade a 35 euros, ao domicílio a 15 euros, online a 10 euros, e a check ups por 75 euros. As marcações são feitas através da linha de apoio 210 443 665, que funciona 24 horas, todos os dias.
Jorge Vala, presidente da autarquia, justifica a criação do Plano de Saúde com a necessidade de dar resposta ao problema da falta de médicos nas unidades do Serviço Nacional de Saúde. “Foi um risco que corremos, mas quando percebemos a importância que as pessoas dão à saúde, sobretudo no pós-Covid, decidimos que tínhamos de fazer alguma coisa”, explica. “E tem sido uma medida eficaz”, assegura. A adesão da população anda na ordem dos 60 a 70%.
“Estamos bem servidos com a Unidade de Saúde Familiar Novos Horizontes, que cobre as freguesias de Pedreira, Juncal e Calvaria de Cima, mas temos tido muita dificuldade em ter médicos de família no resto do concelho, nomeadamente em Mira de Aire, mesmo tendo adotado o projeto Bata Branca [acesso a cuidados de saúde a quem não tem médico de família]”, explica o autarca. “Com este cartão, as pessoas podem ir ao médico e fazer exames de diagnóstico em clínicas privadas, e só pagam uma parte do valor, porque o município assegura a diferença”, acrescenta.
Contra “leilão”
Adverso à criação de condições especiais para atrair médicos, Jorge Vala considera que essa é uma responsabilidade do Estado. “Se desse condições de exceção àqueles que vêm, como ficavam os que já cá estão? Como ficavam os de Porto de Mós, se falássemos, por exemplo, no apoio à renda da casa? Como ficavam todos os que não necessitaram desse apoio para poder trabalhar cá?”, questiona.
“Não concordo que o município tenha de fazer um leilão para dizer que se o médico vier para aqui tem melhores condições do que no concelho vizinho”, sublinha o presidente da câmara. “
Temos de ter condições de atratividade por outras razões, e temo-las. Porto de Mós tem uma centralidade ótima, pois está muito perto do centro urbano principal, que é Leiria, tem boas vias de comunicação, é seguro, e é um concelho onde se respira bom ar”, garante. “Acho que são ingredientes fundamentais para os médicos se sentirem aqui bem”.