A antiga Quinta de Salgueiros, em Campanhã, vai ser transformada num parque-laboratório. A primeira fase da intervenção de fundo arranca este ano, com recurso a verbas comunitárias. Está orçada em 1,5 milhões de euros. Mas há mais duas fases previstas para que o Porto ganhe um novo pulmão verde.
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São seis hectares que, quando totalmente requalificados, vão ligar os dois lados de Campanhã separados pela VCI. Nos últimos dez anos, já foram restauradas as linhas de água que passam pelo local, foram retiradas as espécies invasoras e foi feito um levantamento da biodiversiade. "Descobrimos que possui 37 espécies de fauna e mais de 100 de flora", destaca o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo.
Desde que a antiga Quinta de Salgueiros passou para as mãos do Município também já foi retirada uma fonte de água, que está a ser restaurada, e, em 2023, procedeu-se à consolidação do edifício do século XVIII que foi quase totalmente destruído por um incêndio, o que representou um investimento municipal de 270 mil euros. A autarquia gostaria de dar um destino àquela casa senhorial mas, para já, não dispõe de financiamento.
Por isso, o próximo passo vai ser executar o projeto da Universidade do Porto, que abrange a zona da entrada principal da quinta. Um projeto que arranca, no máximo num ano, e que dispõe de financiamento europeu, ao abrigo programa Horizon.
"A ideia é devolver este espaço à cidade como um grande parque urbano", destaca Filipe Araújo, adiantando que o projeto prevê a instalação de uma cortina arbórea para minimizar o impacto do ruído da VCI e uma zona de hortas. "A lógica é a de que as pessoas possam circular por aqui, aproveitando as várias entradas existentes no espaço", acrescenta o vereador.
Mas a antiga Quinta de Salgueiros não será apenas mais um parque. Vai ser um laboratório de Soluções de Base Natural, ou seja, um laboratório natural ("biolab") com bosques, prados e ribeiras. "É um parque muito especial para nós", diz Filipe Araújo, referindo que se pretende que os ensaios desenvolvidos naquele espaço sejam replicados noutros locais.
Daí que, já tenha sido objeto de um estudo, apesar de ainda não estar a funcionar. Há um ano que o futuro "biolab" anda a ser fotografado e observado por um artista, Carlos Trancoso, no âmbito do projeto "Sustentar".
O trabalho sobre o primeiro bosque prestador de serviços ecológicos da cidade vai ser exibido na Biemal"25 de Fotografia do Porto, organizada pela Ci.CLO Plataforma de Fotografia.
"Desde que, há um ano, esta foi designada como a minha Residência e tenho acompanhado todas as atividades", refere Carlos Cardoso, que tem inclusivamente gravado não só os sons dos animais mas também o ruído proveniente da VCI. "Não basta desenhar um parque, é preciso que também sirva os animais", defende o artista.