<p>Profissionais de restauração e hotelaria de Chaves receberam aulas de espanhol, no âmbito da eurocidade Chaves/Verín. O objectivo foi aumentar o vocabulário para melhor comunicar com os clientes do lado de lá.</p>
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Professora: "Aquele que recebe e serve os passageiros de um avião?". "Aero-moça?", arrisca uma aluna. "Não me diga!", observa a professora. Silêncio. "Azafata de vuelo", revela, por fim, a docente, escrevendo a palavra no quadro. "Azafata???", reagiram, em coro, os alunos. As profissões foram o último tema abordado nas aulas de espanhol que cerca de 20 pessoas ligadas à restauração e à hotelaria do concelho de Chaves frequentaram, em Vidago, no último mês e meio. A iniciativa, integrada no âmbito do projecto eurocidade Chaves/Verín, teve como objectivo alargar o vocabulário destes profissionais para facilitar a comunicação com clientes espanhóis. Depois dos portugueses, segundo os últimos dados da ex-região de Turismo do Alto Tâmega e Barroso, é de Espanha, de onde provém o maior número de turistas que visitam o concelho de Chaves.
Numa segunda fase, serão os empresários deste ramo do lado de lá da fronteira a receber aulas em português.
Do lado de cá, as aulas em castelhano agradaram aos "alunos". "Já entendíamos um bocadinho, agora melhoramos 30% ou 40%", quantifica o proprietário do restaurante Mário, em Vidago, que não se sentava no banco de uma carteira escolar há mais de 54 anos, quando fez a quarta classe. Vai aplicar os conteúdos que assimilou sobretudo ao fim-de-semana, altura em que mais espanhóis vão ao seu restaurante.
O colega do lado, o dono do restaurante O Resineiro, José Duarte, explica, por seu lado, que as aulas serviram, sobretudo, para aprenderem mais vocabulário espanhol. "Há pormenores, em termos de alimentação que tínhamos alguma dificuldade. Por exemplo, quando dizíamos que tínhamos posta à transmontana, eles não percebiam muito bem, agora, já sabemos explicar que se trata de um troço de terneira (pedaço de carne de vaca)", conta o empresário. Além da tradução de ementas, nas aulas, que decorreram numa sala da Escola E B 2,3 de Vidago, a jovem professora Eva Maria San Martín ensinou o alfabeto, os números, as horas, os dias, os meses o corpo humano, as cores, o vestuário, os tipo de saudações, receitas... A docente foi paga pelo município de Verín.
No entanto, não foram só os alunos portugueses a aprender vocabulário em Espanhol. No decorrer da aula, a que o JN assistiu, a jovem professora ficou a saber o que é uma couve-penca e que, em Português, quando alguém espirra, se diz "santinha", ou "p'ró céu". "Eu só conhecia viva", respondeu Eva, espirrando outra vez.