<p>Apesar de a Inspecção-Geral da Administração Interna o ter mandado fechar, em 2007, por "não reunir o mínimo de condições de funcionalidade", o posto da GNR de Mértola continua a ser usado pela guarnição, de mais de duas dezenas de militares.</p>
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Reconhecendo a deficiência das instalações, em Outubro de 2008 o Comando da Guarda mandou "retirar o esquadrão de cavalaria", face "às péssimas condições do edifício", espalhando os cavalos por diversos postos do distrito.
Apesar das infiltrações, das péssimas condições sanitárias, das rachas nas paredes e da falta de climatização, nove dos efectivos do posto de Mértola dormem nas casernas, convivendo com os baldes que "aparam" a água que verte dos telhados.
Ouvido pelo JN, sob anonimato, um militar do posto da "Vila Museu" mostrou-se receoso de que "um dia a casa venha abaixo, comigo lá dentro". O guarda, como profissional, reconhece que tem de "cumprir ordens", mas lamenta as "desumanas" condições de habitabilidade em que do edifício se encontra
"Os cavalos e as viaturas são mais importantes do que os militares e os cidadãos", disse, ao JN, revoltado, José Alho, presidente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda, que a 13 de Fevereiro fez chegar ao MAI a "denúncia" de um caso considerado "inconcebível".
Embora reconheça que as instalações "são do pior que há no país", o Ministério da Administração Interna (MAI) nada tem feito, nos últimos anos, para ultrapassar a situação. Ouvido pelo JN, o major José Candeias, relações públicas do Comando Territorial de Beja, afirmou que os diversos comandantes "têm-se empenhado" em resolver o problema, mas "sempre sem respostas positivas".
Jorge Rosa, presidente da Câmara de Mértola, afirmou, por sua vez, que além de disponibilizar um terreno com 3500 m2, conforme "solicitado pelo MAI" - situado na entrada Norte da vila, junto ao Parque Industrial - para o novo quartel, a edilidade pode colaborar na execução do projecto e na adopção de soluções técnicas. Para viabilizar a construção da sub-unidade, a câmara até alterou o plano director municipal.
O caso já mereceu a apresentação na Assembleia da República de um requerimento ao Governo, por parte do deputado do PCP eleito por Beja. José Soeiro pretende saber que "medidas concretas" vai tomar para "resolver" uma situação "inaceitável".
Ronda por aquartelamentos
Na passada quinta-feira, o director e sub-director da Administração Interna, acompanhados de um técnico do Comando Geral da GNR e pelo governador civil de Beja, visitaram, entre outros, o posto de Mértola, onde segundo este último "estão a ser estudadas várias soluções".
A visita estendeu-se aos aquartelamentos de Beja (ler caixa), Ferreira do Alentejo e Vidigueira, cujas instalações também são deficitárias. No caso de Ferreira, o posto foi encerrado, por ameaçar ruir, e a sub-unidade mudada para Figueira de Cavaleiros. Tal como em Vidigueira, o município já cedeu um terreno.