Quebra acentuada da produção é atenuada pela boa qualidade do fruto, que é mais valorizado. Produtores apontam a seca como causa principal dos prejuízos.
Corpo do artigo
Com uma quebra da produção de castanha estimada em 50% ou mais nas várias regiões produtoras nacionais, os preços na origem dispararam para valores recorde face aos últimos anos e, na zona da Terra Fria, que inclui os concelhos de Bragança e de Vinhais, já variam entre os três e os quatro euros o quilo, que, no ano passado, registou preços entre 1,5 e 2,5 euros dependendo do calibre. "A baixa da produção é assumida, mas a qualidade é boa, e o preço é mais simpático do que nos anos anteriores, porque há pouca", revela Abel Pereira, presidente da Arborea - Associação Agroflorestal da Terra Fria, com sede em Vinhais, um dos concelhos considerado como um dos principais produtores do país.
O preço elevado não atenua os prejuízos decorrentes da quebra na colheita. "Só compensa nos casos em que as perdas sejam entre 30% e 35%, mais do que isso é um ano mau. Não conseguimos um preço superior porque o mercado não consegue aguentar face à crise económica. Há um teto máximo e mais do que isso os preços não conseguem subir", explica Abel Pereira.
Desenvolvimento atrasado
A seca é apontada como a principal responsável pela quebra da produção da castanha nas várias regiões produtoras do país, nomeadamente Bragança, Vinhais, Carrazedo de Montenegro (Valpaços) e Marvão (Alentejo).
"Porque atrasou o desenvolvimento do fruto em mais de duas semanas, o que trouxe a pressão sobre o mercado. Nesta altura há mais procura do que oferta com o aproximar dos Santos, época em que se consome muita", acrescenta o presidente da Arborea, revelando que "há árvores que ficaram quase a zero, sem produção".
Um dos agricultores mais afetados pela fraca colheita é Lindolfo Afonso, um dos maiores produtores transmontanos, que num ano médio costuma produzir entre 60 e 80 toneladas de castanha em Espinhosela, no concelho de Bragança.
"A seca atrasou a maturação da castanha em cerca de um mês. Só com a chuva das últimas semanas é que deu um jeito", acrescenta Lindolfo Afonso que está a prever uma quebra de 50%.
"O prejuízo será grande", admite o agricultor que está habituado à flutuação da agricultura em função das condições climatéricas. "Para apanhar a castanha gasta-se muito dinheiro. Eu tenho uma máquina, mas custou mais de 135 mil euros, a que tenho de juntar mais 40 mil euros para outra que serve para limpar", conclui Lindolfo Afonso.
Vinhais quer certificar a sua "castanha longal"
A marca "Castanha Longal de Vinhais" é uma das apostas para relançar uma das variedades mais antigas deste fruto seco, associada aos soutos centenários e à produção tradicional naquele concelho. A ideia do Município passa por impulsionar a fileira da castanha e o turismo associado. Em primeiro lugar vão fazer o pedido de certificação da castanha longal com Denominação de Origem Protegida, Indicação Geográfica Protegida, ou Especialidade Tradicional Garantida para a valorizar.