A greve de fome, para impedir que Beatriz, de 3 anos, seja adoptada, continua, frente ao Tribunal de Menores de Coimbra. Pais e bisavó têm tido o apoio de quem passa. Há assinaturas, lágrimas e comentários de incredulidade.
Corpo do artigo
A família garante ter todas as condições para reaver a menina - institucionalizada há um ano, após uma denúncia anónima de maus- -tratos - e promete não desarmar. A mãe, Sandra Figueiredo, tem 22 anos e mantém-se a água e café desde a madrugada de anteontem.
O rosto de Beatriz, patente em cartazes, prende a atenção de quem passa. O abaixo-assinado corresponde a três páginas e meia de um caderno A4. Fátima Pires acaba de prestar o seu apoio, entre choro e palavras de revolta: "O Mundo está podre!".
"As pessoas dizem que é uma injustiça, já que temos condições para criar a nossa filha, e dão-nos a sua assinatura", conta Sandra Figueiredo, assumindo que houve "desavenças familiares", só entre adultos e entretanto superadas.
"Ainda agora [ontem à tarde] me telefonaram para ir a uma entrevista de emprego. O pai da Beatriz é madeireiro e eu tenho andado a fazer limpezas. Temos casa, trabalho, bom ambiente… Não falta nada", explica Sandra, cansada de só poder estar com a filha uma hora por semana, na instituição onde se encontra, em Cernache.
O protesto é para manter. "Nem que seja até a gente ir para o cemitério!", reafirma a mãe da menina. E a bisavó, Maria Helena Tiago, diabética, de 65 anos, confirma. Na noite de ontem, a sexagenária dormiu no carro. O casal ficou numa tenda montada ali mesmo.
Poucos minutos depois de ter contado aos jornalistas que, na última terça-feira, a filha lhe havia pedido para voltar com ele para casa, Ângelo Bastos, de 28 anos, foi levado de ambulância para os Hospitais da Universidade de Coimbra. Foi ontem, cerca das 14 horas. Segundo Sandra Figueiredo, o companheiro estava "sem forças e a transpirar muito".
O JN tentou obter informações sobre o caso junto do Tribunal de Família e Menores de Coimbra. Sem êxito.