O CINDOR - Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria e o Município da Póvoa de Lanhoso acaba de firmar um protocolo de colaboração para a instalação no concelho de um polo de formação na área da filigrana.
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O primeiro curso começa no dia 2 de julho, em instalações provisórias, numa sala do Centro Comercial Calva. Posteriormente, o centro de formação vai ser instalado no Centro de Competências da Filigrana, que vai nascer num edifício junto à Câmara Municipal.
Elsa Rodrigues, filha e neta de ourives, não resiste a dar umas instruções a um dos alunos da Escola Secundária da Póvoa de Lanhoso que aproveitou o dia aberto para visitar o novo polo do CINDOR e experimentar a arte da filigrana. Elsa gosta de ensinar, mas reconhece que a transmissão familiar dos conhecimentos deixou de ser suficiente para manter as oficinas a trabalhar, “é preciso atrair gente nova”. Foi para responder a este problema dos empresários da filigrana, uma arte identitária para os povoenses, que o Município estabeleceu um protocolo com o CINDOR para instalar, na sede do concelho, um polo de formação.
“Decidimos dar prioridade a esta área, porque sentimos que é importante para o futuro da filigrana, dos profissionais e dos empresários. Apostamos estrategicamente na filigrana e queremos que a Póvoa de Lanhoso esteja na linha da frente pelas melhores práticas formativas e de preservação do património”, afirmou o presidente da Câmara Frederico Castro. “Temos de atrair os jovens para esta área e garantir-lhes que podem encontrar aqui o seu futuro”, acrescentou.
Há 150 mil jovens com o 12.º ano inativos
No polo do CINDOR da Póvoa de Lanhoso, vão ser ministrados cursos de formação modular (200 horas), percursos de curta e média duração (300 horas), formação pós-laboral e Cursos de Especialização Tecnológica (nível 5). César Carvalho, delegado regional norte do IEFP, afirmou, na cerimónia de assinatura do protocolo, que “os cursos de nível 5 são a grande aposta, porque faltam muitos profissionais com este perfil”. O responsável do IEFP avançou que “há em Portugal 150 mil jovens com o 12.º ano que estão inativos”. A primeira formação modular no novo polo arranca a 2 de julho e, neste momento, já está a decorrer o processo de inscrição e seleção.
Dentro dos próximos quatro anos, deverá nascer numa das antigas casas de magistrados, adquiridas pelo Município, um Centro de Competências da Filigrana, “onde ficarão reunidas todas as valências ligadas a esta arte”, esclarece o autarca povoense. É nestas instalações que passará depois a funcionar o CINDOR. O projeto do Centro de Competência da Filigrana está avaliado num milhão de euros e tem financiamento garantido através do Portugal 2030.
A caminho de se tornar Património da Humanidade
Até aqui, a formação de profissionais na área da filigrana, na Póvoa de Lanhoso, dependia do investimento das próprias oficinas no ensino ou da deslocação dos formandos para a sede do CINDOR, em Gondomar. A Filigrana Portuguesa (dos concelhos de Gondomar e Póvoa de Lanhosos) candidatou-se a Património Imaterial da Humanidade e já tem o parecer favorável da Comissão da UNESCO em Portugal.