Comerciantes esperam por maior afluência de pessoas e mais animação com reabertura do Cinema Batalha.
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Com a intervenção de requalificação do Cinema Batalha em curso, com prazo de conclusão para 2021, são muitos os comerciantes na praça com o mesmo nome, no centro do Porto, que se interrogam que investimento será feito no espaço público de forma a atrair mais visitantes para um local que deixou de ser atrativo para a maioria dos portuenses. A Câmara diz que está a "trabalhar num projeto de animação" que poderá passar pela reposição da feira de artesanato.
Para além do cinema, que há décadas deixou de passar filmes, do Teatro Nacional de São João (atração apenas noturna), dos hotéis hoje ainda vazios de turistas e da messe de oficiais (edifício que também está em obras), pouco ou nada atrai a esta zona alta da cidade.
"Ainda havia algum movimento quando a central de camionagem de autocarros expressos estava aqui. Desde que saíram para o Campo 24 de Agosto, a Batalha deixou de ser local de passagem. É só arrumadores e alcoólicos a deambular", diz António José Santos, comerciante e proprietário da Óptica Pôr do Sol.
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Na receção do Hotel Legendary, Maria Ferreira tem a mesma opinião. "É mau para a imagem da cidade. Temos muitos comentários na Internet, de hóspedes que estiveram cá, que são negativos relativamente ao local. Dos problemas de segurança e da má imagem causada pelos sem-abrigo", refere.
Um dos restaurantes solidários funciona nas imediações e à noite as carrinhas de apoio alimentar estacionam ali. "Ainda bem que é assim, mas devia-se procurar uma solução mais digna para todos", diz Maria Ferreira.
A recuperação do Cinema Batalha é vista como uma tábua de salvação para muito do comércio que na Batalha já teve melhores dias. "É verdade que a pandemia do coronavírus veio afetar em muito os negócios, mas a praça está decadente. Vinham cá muitos artistas que atuavam no teatro e agora nem esses aparecem", conta Paulo Gonçalves, subgerente do histórico Café Java.
Renovada há 20 anos
O fim do estado de emergência, o desconfinamento social e a chegada dos primeiros turistas começa a ser visível na Rua de Santa Catarina. Mas tal como antes acontecia, o visitante percorre a artéria comercial e ao chegar à Rua 31 de Janeiro volta para trás. Nem a requalificação urbana empreendida há 20 anos pela Sociedade Porto 2001 conseguiu inverter esses hábitos. Caberá à futura Casa do Cinema trazer a movida para uma praça que ficou famosa graças ao negócio em torno da Sétima Arte.
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Praça do cinema
A Praça da Batalha foi muito procurada e desenvolveu-se durante décadas devido às salas de espetáculos, nomeadamente do cinema, que até era projetado no Teatro S. João.
Edifício com 73 anos
O Cineteatro Batalha, agora em obras, foi inaugurado em 1947, no local onde funcionou o Novo Salão High Life.
Projeto artístico
O arquiteto Artur Andrade foi responsável pelo projeto que, além das duas salas, uma com 950 lugares e outra com 135, contemplava obras de Júlio Pomar e Américo Braga, censuradas pelo regime de Salazar.