Praça da Vandoma foi o nome escolhido para o feiródromo de Campanhã, no Porto, que abriu, este sábado, aos feirantes e ao público. O novo recinto, que irá acolher as feiras da Vandoma e do Cerco, não agradou a todos os comerciantes. A cobertura demasiado alta e a falta de espaço nas bancas são algumas das queixas.
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São 150 as bancas espalhadas, estrategicamente, pelo espaço, situado ao lado da estação de metro Nasoni, na freguesia de Campanhã. Cerca das 11 horas, o feiródromo, batizado com o nome a "Praça da Vandoma", estava repleto de curiosos que, de banca em banca, aproveitavam para ver e comprar mais alguma coisa. Atrás de cada bancada, os feirantes tentavam adaptar-se ao novo espaço, instalado a céu aberto, que, a partir de agora, será o novo local para o negócio. "O espaço está jeitoso. Está bem situado e estamos aqui sossegadinhos", afirmou Filomena Fernandes, feirante assídua da Vandoma há cerca de cinco anos.
No entanto, o projeto, que contou com um investimento superior a 800 mil euros, não agradou a todos os comerciantes. Filomena, por exemplo, diz que o único "problema" é estarem "tipo mercado". "Temos muito pouco espaço e a 'feira do velho' foi sempre feita no chão, assim perde um bocado a tradição. As bancas deviam ser mais largas e mais compridas", afirma a mulher de 61 anos, que, conformada, diz que "lá se vai vendendo" qualquer coisa.
38 coberturas
Umas bancas mais ao lado, Joaquim Crespo, que já tem cerca de 25 anos de feira, também não ficou totalmente satisfeito. "Podiam ter planeado isto de outra maneira e ter uma banca maior para ter mais coisas expostas e permitir colocar coisas por baixo. É um bocado exíguo, mas é o que é", diz o feirante. Debaixo de uma das 38 estruturas instaladas para proteger da chuva e do sol, o feirante garante que estas "não vão proteger nada". "É um trabalho de arquitetura muito bonito, mas que não é nada prático. Em termos de cobertura isto está mal planeado, basta ver a altura em que isto está", afirma o homem, de 68 anos.
"Disseram que não ia chover e não íamos apanhar sol, mas é mentira. Alto como isto está, quando chover, chove nas bancas", atira Maria José Santos. Há dez anos que faz feiras e a única coisa positiva que vê no novo espaço é a casa de banho. "Não podemos entrar com os carros para descarregar. Lá em baixo podíamos pôr os carros muito mais perto e não era uma feira como esta, que foi feita de raiz. Deveriam ter pensado que temos que carregar e descarregar as coisas", diz a mulher, de 72 anos.
Apesar do descontentamento de alguns comerciantes, há quem seja mais positivo. "Tendo em conta que é o primeiro dia, está muita gente e as expectativas são positivas. Precisamos de tempo para ter uma opinião mais bem formada", afirma Delfim Ferreira, de 57 anos, que garante estar a gostar do novo recinto.
Rui Moreira cumpriu "promessa"
Além dos vendedores fixos, que pagam uma taxa mensal, a Câmara do Porto irá permitir a instalação de eventuais vendedores, que terão de pagar uma taxa diária, possibilitando que o feiródromo esteja sempre completo.
Para o presidente da Câmara do Porto, que esteve presente na inauguração da Praça da Vandoma, a concretização da obra "é o cumprir de uma promessa". "É evidente que há sempre algumas pessoas que dizem que falta uma papeleira aqui e que falta outra coisa ali. Isto é normal. Mas, genericamente, acho que o conforto de estar aqui ou de ter que vender no chão é muito diferente. Temos sombra, temos condições, temos um café, temos casas de banho, que era uma grande queixa. E, principalmente, o que as pessoas dizem, é que foi muito fácil chegar cá. Portanto, quer dizer que o sítio foi aprovado", afirmou Rui Moreira, após ouvir a opinião dos feirantes.