Praga em S. Pedro da Cova: "Acordei com o meu filho a chorar porque tinha uma barata nas costas"
Vegetação alta e lixo geram revolta no Bairro Mineiro, em S. Pedro da Cova. Junta garante que faz intervenções.
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Há um sentimento de revolta que une os moradores do Bairro Mineiro, em S. Pedro da Cova, Gondomar. Entre os 404 fogos habitacionais e um jardim de infância, a vegetação abundante e a acumulação de lixo resultam numa praga de baratas que tem invadido as casas, sobretudo durante a noite.
"Já acordei com o meu filho a chorar porque tinha uma barata nas costas. As crianças não podem brincar livremente porque acabam todas picadas e nós não ganhamos o suficiente para andar constantemente em farmácias", conta Natércia França. "Dos jardins saem baratas, ratos e até cobras", acrescenta a moradora.
Raquel Lopes tem ao colo o filho, com as pernas picadas. Como vive no rés do chão, a situação agrava-se. "O meu filho está todo ferrado. Ele vai brincar para o terraço de nossa casa e, como não cortam as ervas, isto acontece. Tenho baratas e ratos a entrar em casa constantemente", relata.
Na mesma situação está a filha de Liliana Lagareiro: "Tem pele atópica e asma. Está neste momento com a pele em ferida, cheia de picadas. Sai à rua e coça-se toda".
Os moradores queixam-se que a vegetação dos espaços comuns do bairro não é cortada e que a recolha do lixo não é suficiente, o que leva à acumulação de detritos na rua e nos passeios do empreendimento social.
Desde agosto do ano passado que a limpeza das áreas verdes é responsabilidade da Junta. Sofia Martins, presidente da União de Freguesias de Fânzeres e S. Pedro da Cova, assegura que a vegetação é cortada de três em três meses e que ainda em fevereiro houve uma limpeza. Acrescenta que, atualmente, está a ser feito novo corte. Na segunda-feira à tarde, quando o JN esteve no bairro, não era visível qualquer operação.
Recolha seletiva
A autarca acrescenta que a recolha de lixo é feita de forma seletiva. A cada dia é recolhido um tipo de resíduo, sendo que o lixo indiferenciado é removido à quarta-feira. Para Liliana Lagareiro, o sistema dos ecopontos não funciona, pois os moradores são "obrigados a ficar com o lixo dentro de casa até chegar o dia da recolha". "Fica um cheiro a podre horrível", lamenta.
Sofia Martins alerta para a colocação indevida de resíduos na rua: "Estamos muito preocupados com o lixo que diariamente é espalhado, em sacos de plástico ou fora deles, pelo chão. A existência de baratas acontece muito por culpa desta situação". A presidente da Junta referiu, também, que foi feita "uma intervenção profunda nas caixas de saneamento em 2022".
Questionada pelo JN, a Câmara afirmou que nada tem a acrescentar ao que foi dito pela presidente da Junta.