Vila do Conde, Porto, Matosinhos e Gaia são alguns municípios que têm vigilância nas praias fora da época balnear. Com o calor a apertar, a Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores (Fepons) já tinha alertado para o “alto risco de afogamentos”. Agora, no fim-de-semana, as preocupações regressam.
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Numa semana, já perderam a vida sete pessoas nas praias portuguesas. Na Póvoa, por exemplo, as praias estão sem nadadores-salvadores desde o dia 11 de setembro.
“É uma decisão que, neste momento, já foi tomada por várias autarquias. As altas temperaturas não são só na época balnear. Sem vigilância e com as praias cheias, os riscos aumentam”, explicou, ao JN, Alexandre Galiza, o coordenador dos nadadores-salvadores d’ “Os Golfinhos”. A associação, que nasceu há 20 anos na Póvoa e em Vila do Conde, assegura, neste momento, a vigilância na época balnear em todas as praias entre a Póvoa e o Porto e em Arcos de Valdevez.
A temperatura da água do mar tem oscilado, a norte, entre os 17 e os 19 graus e a sul atinge os 21 em zonas como a Quarteira ou Vila Real de Santo António.
Em Vila do Conde, desde o dia 11 de setembro, há, agora, o Serviço Anual de Assistência Balnear (SAAB), um projeto d’ “Os Golfinhos”, criado com o objetivo de garantir a vigilância das praias durante todo o ano e a formação das crianças para uma cultura de segurança na praia.
“Temos, todos os dias, uma viatura com dois nadadores a patrulhar a zona urbana e uma moto 4 em permanência na praia da Azurara com um nadador-salvador”, continuou a contar Alexandre Galiza. Nos meses de inverno mais rigoroso – novembro, dezembro e janeiro – os nadadores vão às escolas do concelho dar formação sobre segurança aquática, correntes, agueiros e suporte básico de vida e ajudar a criar na comunidade uma verdadeira “cultura de segurança”.
No Porto, o dispositivo é composto por uma viatura, reforçada com mais uma moto 4 aos fins-de-semana, num total de quatro elementos. O protocolo vigora até 31 de outubro.
Já em Matosinhos, a Câmara optou por contratar diretamente uma equipa de nadadores-salvadores que assegura, o ano inteiro, a vigilância das praias. E, em Gaia, a empresa municipal Águas de Gaia, diz a Autarquia, assegurou a vigilância no passado fim-de-semana e vai voltar a garanti-la neste.
Na Póvoa, explica Carlos Ferreira, d’ “Os Golfinhos”, a Autarquia ainda não deu resposta à proposta da associação para implementar o SAAB e, por isso, neste momento, as praias estão, desde o dia 11 – o fim da época balnear - sem qualquer vigilância. Isto apesar de, há uma semana, terem morrido três pessoas no mar entre a Póvoa e Vila do Conde (duas ainda estão desaparecidas) e, um dia antes, ter havido cinco salvamentos no mar no mesmo dia em praias poveiras. Valeu-lhes a equipa SAAB de Vila do Conde, que, chamada ao local, não hesitou.
Nos concelhos onde há vigilância, os projetos dão frutos: no Porto, quatro salvamentos, assistências todos os dias; em Vila do Conde, o mesmo cenário.
Uma semana, sete mortos
Em oito dias, morreram afogadas sete pessoas nas praias portuguesas. Foi a semana mais trágica desde o início do ano. Na sexta-feira (29 setembro), o corpo de uma mulher de 67 anos, deu à costa junto ao molhe norte do porto de pesca da Póvoa de Varzim. Estaria com um casal, de 63 anos, que está ainda desaparecido no mar. No sábado, um jovem, de 14 anos, morreu no Areeinho de Oliveira do Douro, em Gaia. Na segunda-feira, a tragédia foi na praia da Senhora da Rocha, em Lagoa. Morreu um homem de 63 anos.