A Câmara de Mesão Frio avaliou em 3,2 milhões de euros o prejuízo provocado pela intempérie que se abateu sobre o concelho no passado dia 21 de Abril. Mas isto só em estruturas públicas. Os estragos privados devem inflacionar a previsão.
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A tromba-d'água daquela noite destruiu vinhas, garagens, caminhos e diversas estruturas públicas nas freguesias de Cidadelhe, Oliveira, Santa Cristina e Vila Marim. Nesta última situa-se o lugar de Valcôvo, o que terá registado os maiores estragos.
Equipas da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte visitaram a zona, nos últimos dias, para fazer o levantamento dos prejuízos. O viticultor de Valcôvo Manuel Borges esperava ontem a chegada do "homem dos seguros" a ver se os estragos nas suas vinhas estarão cobertos. "Está tudo muito estragado. Tenho a vindima deste ano feita. Vamos ver se ainda me dão algum", lamentava-se.
A seu lado, algumas mulheres da aldeia queixavam-se que, há dez dias, não têm tanque público para lavar a roupa. Está atulhado de pedras. "Faz muita falta, pois há certas roupas que não se podem lavar na máquina", explicava Maria da Glória.
O temporal não deixou só estragos. Traumas, também. Saudade Cardoso ouviu trovejar durante a semana passada e não se fez velha em casa. Ala para casa de um filho em Mesão Frio. "Tive muito medo. E gato escaldado…", justificou. Fátima Cardoso está sem água em casa desde o temporal. "Era abastecida por uma mina que ficou tapada com a enxurrada". O remédio é ir buscar água com um cântaro. Como antigamente.
A Câmara de Mesão Frio aguarda a marcação de uma reunião com o Governo para ficar a conhecer eventuais mecanismos de apoio aos agricultores e à reconstrução das infra-estruturas públicas destruídas. "Demos dinheiro para o Haiti, demos para a Madeira, agora somos nós a precisar de ajuda", protestou a moradora Maria Fernanda.