<p>O Conselho de Presbíteros da Diocese de Vila Real saiu em defesa do padre de Covas, detido por posse ilegal de armas. Em comunicado, disse que o arresto foi "acto previamente montado para causar impacto social".</p>
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O órgão consultivo da diocese de Vila Real, presidido pelo bispo D. Joaquim Gonçalves, lançou, ontem, em comunicado, um duro ataque à actuação das autoridades no âmbito da detenção do padre Fernando Guerra. O pároco foi detido na sacristia da igreja de Covas do Barroso, na sequência de uma investigação da GNR de Chaves ligada a posse de armas ilegais. Na sequência da busca à sua residência, foram-lhe apreendidas seis armas, três caçadeiras e três pistolas, centenas de munições, pólvora e uma soqueira.
No documento, o Conselho de Presbíteros não faz qualquer referência ao alegado crime, dizendo que deixa para as "autoridades respectivas o processo jurídico", mas critica a oportunidade da detenção. "O Conselho lamenta que o arresto se tenha feito na manhã do domingo, com grande alarido e impedindo a celebração das três missas". Além disso, o órgão consultivo do bispo lamenta que, apesar de, na sequência da operação, terem sido constituídos quatro arguidos, "somente se referisse o nome do padre". Os sacerdotes não percebem por que razão a operação foi levada a cabo por 30 agentes e que alguns se apresentassem encapuzados "a lembrar actos de terrorismo", "sabendo que se tratava de um homem com 74 anos". O Conselho critica ainda o facto de a totalidade das armas apreendidas aos quatro homens serem "sistematicamente" apresentadas como se pertencessem apenas ao pároco. Por fim, estranha a presença da Comunicação Social no local e conclui que, "perante tais circunstância, não se pode impedir de pensar que se tratou de um acto previamente montado para causar impacto social".
Ao que o JN conseguiu apurar, a decisão foi "unânime" entre os membros do órgão. "Não dizemos que tem culpa ou é inocente, é o tribunal que vai decidir, mas achamos que o caso foi instrumentalizado pela autoridades e pelos jornalistas", disse, ao JN, um padre com assento no órgão.