Na homenagem deste domingo a Carlos Lage, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), António Cunha, disse que o homenageado, que liderou a instituição entre 2005 e 2012, "serve de inspiração". Também criticou o "centralismo português" e defendeu "uma efetiva descentralização".
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"Congratulamo-nos com este seu aniversário especialmente simbólico e consideramo-lo como a melhor data para lhe prestar um justo tributo público, pelos serviços que prestou ao Norte e à sua Comissão de Coordenação, hoje CCDR Norte, I.P., à causa pública da democracia e do desenvolvimento. As nossas palavras mais sinceras e sentidas são: Obrigado e Parabéns", afirmou António Cunha, sobre o aniversariante Carlos Laje e os seus 80 anos.
"Há pouco mais de um ano e num contexto diferente, tivemos a oportunidade de promover uma homenagem idêntica a esta, a outro antigo Presidente, por ocasião dos seus 80 anos - o Senhor Engenheiro Luís Braga da Cruz, onde foi atribuído o seu nome a este auditório [cerimónia decorreu na sede da CCDR-N, no Porto]. Já anteriormente ao meu exercício, a CCDR-NORTE tinha reconhecido a figura e o papel do Presidente Luís Valente de Oliveira", lembrou.
"Gestos como estes são de uma inteira justiça e oportunidade: a história das instituições e a história das comunidades não se fazem sem pessoas concretas e sem atos concretos, sem as suas lideranças, a sua visão e a sua voz. Dignificar a função pública e prestigiar as instituições requer lembrar os seus servidores", justificou.
"Autonomia regional" é um "imperativo"
António Cunha criticou o centralismo do Estado: "O centralismo português - um caso hoje quase isolado na Europa e no quadro da OCDE - está diagnosticado como o grande travão ao nosso desenvolvimento equilibrado, à coesão nacional e crescimento sustentável".
Prosseguindo, elogiou a ação de Carlos Lage: "De todas as causas pelas quais serviu, a regionalização do Estado foi a que mais marcou a agenda de Carlos Lage à frente dos destinos da CCDR-NORTE. Foi movido nessa causa por uma absoluta convicção, enraizada em princípios de democracia e desenvolvimento e numa observação atenta das realidades portuguesa e europeia. Essa causa não está cumprida e faz falta ao País e ao Norte, ao Estado e aos territórios".
"A conversão para Instituto Público da CCDR-NORTE e a integração, na sua estrutura, de serviços regionais ou competências do Estado nas áreas da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Cultura, Educação, Inovação, ou Conservação da Natureza, irão reconfigurar profundamente as CCDR, mas também a organização regional do Estado", diantou.
"A esta renovada desconcentração terá naturalmente de suceder uma efetiva descentralização, se quisermos potenciar o sentido e o efeito estratégico de toda esta transformação, criando um Estado próximo e moderno, racional e de confiança. Mais cedo que tarde, será outra vez evidente o imperativo da adoção de um modelo de autonomia regional, como preconizou durante a sua vida pública Carlos Lage. A sua visão corajosa e a sua ação persistente servem-nos de inspiração", concluiu.