O atual presidente da Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes (CVRTM), que exerce o cargo desde 2010, não será recandidato a um novo mandato. Eleições de 13 de setembro encerram ciclo na liderança de Francisco Pavão, que fala na existência de um “ataque velado contra a instituição para denegrir a sua imagem”.
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A "carta de despedida" a que o JN tever acesso foi enviada aos órgãos sociais, conselho geral e associados.
“O meu momento terminou. Decidi que não serei novamente candidato a este cargo. Saio com o sentido de dever cumprido, apesar de entender que ainda há muito a fazer.”
É desta forma que Francisco Pavão confirma o fim de um ciclo de 14 anos, acrescentando que na região “existem outros que estarão perfeitamente à altura para assumir este desafio” de conduzir os destinos da CVRTM, garantindo que o novo presidente “contará com o meu apoio total, leal e franco em nome dos vinhos, dos agentes do setor e das gentes de Trás-os-Montes”, escreve.
Sem pormenorizar as razões que o levaram a tomar esta decisão, adianta apenas que, nos últimos tempos assistiu “a um ataque velado contra a instituição", numa tentativa de denegrir a sua imagem. No entanto, faz questão de sublinhar que "não é por esse motivo" que não se irá apresentar como candidato no ato eleitoral do próximo dia 13 de setembro.
O ainda presidente recorda que, quando iniciou funções, “os vinhos de Trás-os-Montes eram uma curiosidade para a maioria dos jornalistas, dos sommeliers, dos donos de garrafeiras e de alguma restauração". Catorze anos depois, considera haver um cenário bem diferente. “A região apresenta, ano após ano, cada vez mais e sobretudo melhores vinhos, marcados pela identidade dos distintos terroirs e castas, sobretudo autóctones, que lhe dão origem. Os vinhos de Trás-os-Montes têm vindo a ganhar quota de mercado, sobretudo no mercado de qualidade”, sustenta Pavão, considerando que muito deste sucesso fica a dever-se “às ações de promoção no mercado interno e extracomunitário".
Ainda assim, reconhece que “não atingimos todos os objetivos a que nos propusemos, mas estou certo que a quase totalidade dos agentes económicos reconhece o esforço comum de todos na valorização desta região, das suas gentes e dos seus vinhos”, acrescenta na carta de despedida.
Francisco Pavão não quer, por agora, prestar mais declarações sobre o assunto, remetendo para mais tarde um balanço “mais exaustivo” sobre os 14 anos de mandato, revelando apenas que vai continuar ligado ao setor dos vinhos.
O novo presidente da CVRTM será conhecido no próximo dia 13 de setembro, altura em que instituição que representa os viticultores e produtores de vinho transmontanos vai a votos.
A CVRTM, com sede em Valpaços, certifica produtos vínicos com Denominação de Origem Trás-os-Montes e Indicação Geográfica Transmontano, controla as condições subjacentes à certificação e faz a sua promoção.
A CVRTM representa 85 produtores, 50 castas, três sub-regiões e 11 mil hectares de área de vinha.