Paulo Lopes, presidente da Junta de Freguesia de Santa Marinha e São Pedro da Afurada, em Gaia, desfiliou-se do PS, mas continuará à frente da freguesia até ao fim do seu terceiro e último mandato, em outubro.
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Além de deixar o PS, o autarca adianta que não apoiará o candidato socialista à presidência da Câmara de Gaia, João Paulo Correia, nas próximas eleições autárquicas, por não se rever na estratégia do candidato, que diz ser "egocêntrico" e "não é próximo das pessoas". Assegura, no entanto, "não estar comprometido com qualquer outra lista".
"Após mais de 30 anos de militância ativa, ao serviço dos ideais que me fizeram ingressar inicialmente na JS e depois no PS - ideais esses centrados na ética, na solidariedade, na transparência, no rigor e na justiça social - não me revejo, hoje, nas atuais orientações políticas do partido, nem nas lideranças locais, distritais e nacionais que as executam", explica na carta enviada à Direção Nacional do PS, e a que o JN teve acesso.
"Comunico formalmente a minha saída enquanto militante do Partido Socialista, com efeitos imediatos. Apesar desta decisão, manter-me-ei no exercício do meu mandato de presidente da junta de freguesia até ao seu termo, agora na condição de independente", completa.
Reação da Concelhia do PS/Gaia
Na reação à posição tomada por Paulo Lopes, a Comissão Política Concelhia do PS/Gaia emitiu um comunicado a repudir a atitude do autarca. "A demissão de Paulo Lopes de militante do PS, em vésperas de eleições autárquicas, é um ato de lamentável oportunismo e de ambição pessoal desmedida. Ao mesmo tempo, desrespeita a confiança que o próprio pediu ao partido para ser candidato à Junta de Freguesia de Santa Marinha e São Pedro da Afurada. O Partido Socialista serviu a Paulo Lopes durante onze anos e nove meses e deixou de servir para os últimos três meses do mandato", pode ler-se.
Para a Concelhia do PS/Gaia, a desfiliação do partido carece de fundamentação. "O que naturalmente se esperaria de alguém com mais de 30 anos de militância seria uma explicação fundamentada desta decisão. Ao contrário, a demissão é anunciada através de uma carta vazia de explicações. Talvez por isso não seja inocente que a demissão ocorra a cerca de três meses das eleições autárquicas e na véspera da apresentação de outro(s) candidato(s) à Câmara Municipal. Em breve, estamos certos de que ficará tudo às claras e se perceberá a real intenção deste comportamento que não podemos deixar de repudiar", conclui o comunicado.