Presidente da Junta dos Olivais alega "saneamento político" por parte do PS/Lisboa
A presidente da Junta de Freguesia dos Olivais, em Lisboa, Rute Lima, considerou, esta quarta-feira, estar perante “um saneamento político”, depois de o PS/Lisboa ter retirado a si e ao seu executivo a confiança política.
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Na terça-feira, o secretariado da Comissão Política Concelhia do PS/Lisboa deu conta de que "um grupo de cidadãos, alguns deles militantes do Partido Socialista que integram o atual executivo, anunciaram publicamente a sua candidatura à Junta de Freguesia dos Olivais, à revelia dos órgãos do partido", o que originou a retirada de confiança.
“Aquilo que eu consigo entender, no meio disto tudo, é que estamos perante um saneamento político. Isto não é uma retirada de confiança política, isto é um saneamento político. Aliás, não é o único em Lisboa. Tivemos um, há bem pouco tempo, na Assembleia Municipal de Lisboa”, disse Rute Lima, em declarações à agência Lusa.
A autarca adiantou ter sido convocada para uma reunião com o Secretariado da Comissão Política da Concelhia do PS, liderado por Davide Amado, que qualificou de um encontro de “intimidação, chantagem, ameaça e coação”.
“Em momento algum fui abordada, ou notificada, ou contactada, para efeitos de esclarecimento ou de tentar dirimir qualquer questão, ou resolução desta questão em concreto, ou de outras. Quando cheguei à reunião sou confrontada com a presença de um órgão político quase completo e sou chantageada”, acusou.
Adiantando que a reunião demorou “muito tempo”, Rute Lima salientou que o resumo da mesma é curto e que se cingiu ao: “focamo-nos nesta chantagem que é, ou substituis os três elementos do teu executivo, Ana Crista, José Ricardo Silva e Wanda Stewart, ou retiramos-te, a ti e ao teu executivo, a confiança política”.
Rute Lima lamentou a atitude da Comissão Política, frisando que o PS é o “partido da liberdade e do respeito e da legitimidade democrática”, e não um partido da “chantagem, da ameaça, da intimidação” dos militantes.
Processo começou com "falácia"
A autarca explicou ainda que todo o processo começou com “uma falácia”, tendo em conta que o comunicado do PS/Lisboa “expressa isso” mesmo, ao dar conta de que se está perante “uma consequência relativa a uma eventual candidatura independente apresentada por estes três elementos à junta de freguesia em 2025”.
Segundo Rute Lima, a candidatura “não é, nem foi nunca apresentada como uma candidatura independente”, reiterando não ter parte ativa no processo, pois já não vai ser candidata por estar a terminar o terceiro mandato consecutivo nessas funções.
“Tenho naturalmente satisfação em perceber que tenho camaradas no meu executivo, e aliás uma independente, que é a Wanda Stewart, com provas dadas e que trabalham muito, a manifestar a sua intenção e a sua vontade de se apresentarem a votos na secção do PS dos Olivais, na Assembleia Geral de Militantes, que ainda irá ser marcada”, explicou.
Desta forma, Rute Lima acusou o PS/Lisboa de mentir, com um objetivo que para si “ainda não é claro”, ao pretender transformar uma candidatura interna numa candidatura independente “para poder ter fundamentos para afastar camaradas eleitos democraticamente num órgão colegial, num órgão executivo”.
“Desafio o PS de Lisboa a provar a afirmação de desrespeito e falta de reconhecimento da presidente da junta, que sou eu, em relação ao PS Olivais, que é a estrutura local com responsabilidade política”, disse.
Para a autarca, é importante que os eleitores saibam que o PS/Lisboa chamou a presidente da junta para “a chantagear e para a coagir, dando-lhe uma orientação que, na verdade, até é ilegal, porque a presidente da junta não pode, à luz dos estatutos e da lei, substituir membros de executivo. As pessoas têm mandatos, são eleitas, só podem ser destituídas dos seus mandatos querendo e pedindo renúncia ou, então, por mandato judicial”.
Em comunicado, O PS/Lisboa detalhou ter convocado "Ana Catarina Crista e José Ricardo Silva para lhes dar conta de que este tipo de comportamento não se enquadra nos procedimentos estatutários do Partido Socialista" e que apelou "ao bom senso e sentido de responsabilidade".
Ainda de acordo com a mesma nota, o Secretariado da Comissão Política, depois de "esgotadas todas as formas de resolução ponderada deste conflito político", reuniu com a presidente da junta, a socialista Rute Lima, a quem solicitou que "retirasse a confiança política a estes dois camaradas e os afastasse do executivo".
"Perante a inflexibilidade dos camaradas e a sua indisponibilidade para, com a Concelhia, ultrapassar este diferendo político, que se traduz na clara e reiterada violação dos estatutos", o Secretariado da Comissão Política Concelhia do PS/Lisboa decidiu "retirar a confiança política ao executivo".
O PS/Lisboa decidiu também "assumir a responsabilidade de coordenação da ação política dos seus eleitos na Assembleia de Freguesia dos Olivais", garantindo que o partido "não se constituirá como força de bloqueio e que, por isso, não inviabilizará a constituição de novo executivo que venha a ser submetido à Assembleia de Freguesia".