O ministro da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Heitor, admitiu esta sexta-feira que no próximo ano letivo poderá haver uma quebra no número de novos alunos internacionais a procurar as instituições de ensino superior nacionais em virtude da pandemia covid-19.
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No entanto, isso não se trata de "uma questão portuguesa, porque é de todo mundo", explicou o ministro durante uma visita ao Instituto Politécnico de Bragança (IPB) que, paulatinamente, está a retomar as aulas práticas em laboratórios, o que acontecerá gradualmente até ao início de junho. "Hoje vimos aqui muitos estudantes brasileiros e africanos que permaneceram em Bragança mas temos que garantir condições para que no próximo ano também venham", afirmou Manuel Heitor.
Os estudantes vindos de África ou do Brasil reconhecem que no próximo ano poderão ser em menor número por causa da crise económica que se vive nos seus países. Wanderley Antunes, presidente da Associação de Estudantes Africanos, admitiu que muitos estudantes enfrentam problemas económicos. "Muitos pais têm um rendimento reduzido e não conseguem sustentar os filhos que cá estão a estudar, muitos estão em situação difícil com o pagamento da alimentação e da renda", descreveu o estudante, que considera que no próximo virão menos alunos estudar para Portugal. "Muitos pais estão desempregados e não podem manter cá os filhos", afirmou.
O ministro disse ainda que as "situações têm que ir sendo ajustadas para ver como se garantem as condições de higiene e saúde pública típicas numa pandemia e no pós-pandemia".
Entre as medidas tomadas para mitigar os problemas está a ativação dos mecanismos de emergência de ação social, estendido o período para a possibilidade de submeter pedidos de ação social que foram estendidos até ao final de junho e estão a alargar todos os tipos rápidos de ação social.
"A ação social está preparada em função dos rendimentos mas estamos preparados para alargar a ação social à medida que seja necessário, porque a nossa meta é o alargamento do número de jovens no ensino superior. Se este ano temos metade dos jovens com 20 anos no ensino superior, o que foi um grande alargamento face aos últimos anos, mas não é suficiente. Na próxima década temos que aumentar para manter as metas de seis em cada 10 jovens de 20 anos a estudar no ensino superior a até 2030", explicou o responsável pela pasta do Ensino Superior.
Por outro lado, Manuel Heitor defendeu que as instituições de ensino superior serão cada vez críticas porque a incerteza só se combate com mais conhecimento. "Por isso temos que garantir sistemas mistos de aprendizagem, à distância e presenciais. Falei com alguns estudantes do Brasil que manifestaram interesse em ficar mais tempo, o que mostra as condições de acolhimento que foram capacitadas ao longo do tempo", sublinhou o ministro.
No caso do IPB, onde estudam mais de dois mil alunos estrangeiros, o presidente "está à espera de quebras" número de estudantes internacionais mas também nacionais, no entanto não arrisca uma previsão. "Quanto maior a crise económica maior será a quebra", afirmou Orlando Rodrigues.
Segundo os indicadores, a procura não diminuiu porque os concursos estão a decorrer, "só que não se vai refletir toda em vinda de alunos, porque alguns serão afetados pela crise", acrescentou o responsável que já estão à procura de metodologias pedagógicas mais inovadoras, introduzindo ensino presencial e não presencial.