Primark na Baixa do Porto: "A rua fica mais pobre sem a Fnac e a cidade perde"
Último dia da loja no emblemático edifício Palladium, na Rua de Santa Catarina, marcado pela tristeza de clientes e comerciantes vizinhos. Todos se queixam da perda de oferta cultural.
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Helena traz o coração apertado: através da montra de malas e carteiras com vistas para a Fnac da Rua de Santa Catarina, no coração da Baixa do Porto, "via muitas vezes o Pedro Abrunhosa a sair dali, como outras pessoas de referência e ligadas às artes, e ver a loja fechar é muito mau".
São três da tarde - faltam exatas seis horas para a Fnac ali fechar as portas de vez -, e o relógio carrilhão do edifício concebido pelo arquiteto José Marques da Silva, em 1914, para os Grandes Armazéns Nascimento, honra a memória da cidade que se transforma numa vertigem: ao som das badaladas, as figuras de Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Infante D. Henrique e São João destacam-se da fachada que, a partir de hoje, deixará de ostentar os painéis da cadeia francesa de cultura, lazer e tecnologia, dando lugar a novo pronto a vestir (a Primark) nesta artéria.