Clemente vai guiar a “Vaidosa”, esta quarta-feira à noite, durante a Procissão da Burrinha. Fé em São Pedro para que não chova.
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A imagem de um homem vestido de São José a guiar uma burra pelas ruas do centro de Braga foi-se tornando icónica ao longo dos últimos anos e transformou a Procissão da Burrinha num dos momentos mais emblemáticos da Semana Santa. Desde o início, em 1998, essa função é assumida por Clemente Alves, que amanhã, quarta-feira, à noite, terá a missão de comandar a burrinha “Vaidosa”, em estreia nestas andanças. A única incerteza é mesmo o estado do tempo, embora as últimas previsões abram boas perspetivas, uma vez que não está prevista chuva para a noite.
Para Clemente, aliás, o que há 27 anos começou por ser um desafio lançado de forma quase espontânea acabou por se tornar uma “grande responsabilidade”. Atualmente, assegura, é “sagrado” que será ele a guiar a burrinha. “As pessoas já me tratam por São José de Braga, já sabem que este lugar é meu e que não o deixo por nada”, diz ao JN o homem a que nem um acidente vascular cerebral (AVC), a poucos meses da Semana Santa de 2022, impediu de participar na Procissão da Burrinha.
“Deus deu-me força, felizmente recuperei rápido e consegui cumprir o meu papel. Só não cumpro quando não há procissão, como no ano passado. Foi uma tristeza enorme”, recorda Clemente Alves, de 62 anos, reformado em consequência do AVC sofrido, que aproveita as duas semanas anteriores ao cortejo para “conhecer e treinar” a burrinha. “Todos os anos costuma ser uma diferente e é sempre preciso alguma adaptação. Desta vez vou levar a Vaidosa, que se tem portado muito bem e é muito meiga”, afiança Clemente, enquanto afaga o animal, que volta a cedido por um criador de Escariz São Mamede, em Vila Verde.
“Este ano já não dava para ir a Belinha, que era a do ano passado, porque está quase a parir. Tivemos de escolher outra”, complementa o criador, João Mota, que também garante que a Vaidosa “não vai deixar ninguém ficar mal”. “Vai brilhar”, assegura.
“Catequese ao ar livre”
Embora a burrinha seja o elemento que mais olhares atrai do público, o cortejo bíblico “Vós sereis o meu povo” – o nome oficial desta procissão – procura ser uma espécie de “catequese ao ar livre”, como diz ao JN o presidente da Junta de São Victor, Ricardo Silva, que assume a organização com a paróquia. “Damos muita importância ao aspeto da educação e da pedagogia, porque queremos que quem vê perceba todo o envolvimento deste período”, vinca o autarca, com “fé de que o São Pedro vai ajudar”. Composta por cerca de mil participantes, a procissão tem início marcado para as 21.30 horas, na Igreja de São Victor, no centro de Braga.