Várias companhias aéreas estrangeiras estão a procurar o Aeroporto Francisco de Sá Carneiro, na Maia, depois de não conseguirem entrar no mercado português através de Lisboa, devido ao esgotamento de slots, avançou Pedro Castro, especialista em aviação, assinalando que esta é uma "ótima altura" para ponderar a reorganização aeroportuária.
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De acordo com Pedro Castro, responsável pela consultora SkyExpert e especialista em estratégia para aviação de turismo, várias companhias "estão a dar uma oportunidade ao aeroporto do Porto, uma vez que através de Lisboa não conseguem incrementar a sua presença no mercado português".
Com a falta de slots na Portela, os restantes equipamentos do país passam a ser a alternativa para as companhias estrangeiras. O Aeroporto de Sá Carneiro, entre outros, passam então a receber voos diretos, contrariando a ideia do centralismo em Lisboa.
O esgotamento no aeroporto em Portela advém da existência de slots que não estão a ser utilizados, fruto da pandemia e da redução da frota da TAP, mas que ainda não podem ser retirados à transportadora e distribuídos por outros, devido a uma decisão da União Europeia em 2020, explicou o especialista.
Mas a par deste esgotamento de slots em Lisboa, Pedro Castro salienta que "esta é uma ótima altura para se pensar numa distribuição coesa dos passageiros, em que o território é que ganha e ninguém perde".
"Porto e Faro, por exemplo, podiam unir interesses e impedir a distribuição de passageiros a partir de Lisboa. Isso permitiria receberem voos diretos e que as companhias deixassem de apostar num único aeroporto", explicou.
Ainda assim, Pedro Castro reconhece que, como a gestão dos aeroportos do país pertence a uma entidade única, a Aeroportos de Portugal (ANA), isso condiciona as várias hipóteses de contornar esta realidade. "Há falta de competitividade e diferentes visões", completou.
Pedro Castro sublinha ainda que não se pode dar continuidade a um "discurso desatualizado da descentralização do turismo, que também é totalmente vazio de significado, quando se pretende fazer toda a gente aterrar em Lisboa".
Sobre uma nova estrutura aérea na capital, Pedro Castro afirma: "Deveria estar no lugar 695 da lista de prioridades. Quem pensar o contrário, não está informado devidamente das necessidades deste momento".