"A necessidade de colaboradores é sinal da vitalidade do tecido empresarial", entende o município, que garante estar a fazer a sua parte ao criar condições para a fixação de pessoas.
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Miguel Pereira, sócio-gerente da firma Fernando Miguel Lopes Pereira e Irmão, Lda., na área da caixilharia, construção civil e estruturas metálicas, em Proença-a-Nova, precisa de recrutar cinco pessoas. Dentro de alguns meses vai precisar de mais três, especializadas em design e engenharia.
O pedido está feito no Gabinete de Inserção Profissional do município, criado para dar resposta laboral a quem procura emprego, mas não aparece ninguém. "Temos perspetivas de crescimento. Se não pudermos recrutar, os trabalhadores ficam mais sobrecarregados ou, em última análise, teremos de recusar ou demorar mais tempo a concretizar o trabalho".
O empresário entende que não se trata apenas de um problema de despovoamento, mas de "mobilização das pessoas inscritas no desemprego e de consciencialização que trabalhar numa indústria é tão ou mais remunerado do que ter outro trabalho".
O Gabinete de Inserção Profissional do município recebeu, nas últimas semanas, mais de 30 pedidos para preenchimento de vagas em várias empresas do concelho que estão a ter dificuldade na contratação de profissionais.
Sem pessoas qualificadas
"É um problema que se agrava. Por ausência de pessoas qualificadas, em engenharia por exemplo, vemo-nos obrigados a subcontratar empresas, o que aumenta custos e faz com que não possamos acompanhar de perto, como queremos, o processo do cliente", diz Carlos Silva, diretor da Ambienti D"Interni. "Tem de se encontrar uma solução, porque muitas das empresas, e tenho uma outra em Vila Velha de Ródão, têm dificuldade em recrutar. Não falo só de especialistas, mas de pessoas indiferenciadas, provavelmente porque vivem com o estigma de trabalhar em indústria. Tenho técnicos na equipa que ganham mais que um técnico superior no Estado", frisa.
Para o presidente da Câmara, a necessidade de colaboradores "é sinal da vitalidade do tecido empresarial" que "está a fazer a sua parte ao criar condições para a fixação de pessoas". "O problema de falta de mão de obra atravessa a quase totalidade do país, mas faz-se sentir de forma mais vincada em territórios de baixa densidade", refere João Lobo, que recorda recentes iniciativas que têm como objetivo criar atratividade para o concelho. "É o caso do protocolo para um Centro Qualifica, no sentido da qualificação da formação profissional para dar resposta ao tecido empresarial, bem como da parceria estabelecida com a Altice, para o alargamento da cobertura de rede, fatores de diferenciação no curto e médio prazo".
João Lobo destaca ainda a estratégia local de habitação, "que tomará corpo no plano de recuperação do Pinhal Interior", como resposta à crescente procura de habitação no concelho, fruto da chegada de novos moradores.