Cerca de cem professores da Escola Secundária de Amares (ESA) escreveram uma carta ao presidente da câmara, Manuel Moreira, preocupados com o estado de degradação a que chegaram as instalações nos espaços de trabalho e lazer mas, sobretudo, nas salas de aula — o que prejudica as condições de aprendizagem dos jovens.
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Contactado pelo JN, o autarca disse compreender os anseios da comunidade escolar: “É uma obra da responsabilidade do Governo. O projeto já foi feito pela câmara, e temos a verba necessária, os 7,5%, a fatia que nos cabe pagar, do investimento de 14 milhões de euros”.
Manuel Moreira disse, ainda, ter indicação do ministro da Coesão, Manuel Castro Almeida, de que o Governo vai contrair um empréstimo junto do BEI-Banco Europeu de Investimento para poder fazer as obras nas escolas, incluindo a de Amares. “Fizemos o que deviámos e temos alertado para a urgência da obra. Espero que o concurso possa avançar em abril”, frisou.
Na missiva, os professores acentuam: “Muitos, não sendo amarenses, trabalhamos aqui, por opção, há muito tempo; em diversos casos há mais de vinte ou trinta anos. Pelas nossas mãos passaram já sucessivas gerações de amarenses”.
"Sermos professores em Amares tem representado um inequívoco compromisso com esta comunidade educativa. Todos os dias, mais de mil alunos, professores e funcionários encontram-se na ESA para aquela que devia ser a prioridade de qualquer comunidade: a valorização e o sucesso educativo dos seus jovens", acrescenta a carta.
Apesar disso, lamentam: "A ESA não tem merecido a atenção e o cuidado prioritário de quem tem tido a responsabilidade pelas suas instalações. No momento em que a Escola Secundária de Amares completa 40 anos - assinalados a 23 de fevereiro – a verdade é que, há mais de 15 anos que ouvimos sucessivos anúncios – nunca concretizados – de que iriam realizar-se obras de requalificação na ESA mas, em concreto, verificamos que nada avança”.
Os docentes assinalam, também, que, “recentemente, no quadro do Plano de Recuperação e Resiliência – PRR, foi com profundo choque e indignação que tomamos consciência de que a nossa Escola ficara de fora daquela que, receamos, tenha sido a última oportunidade de ver o seu degradado espaço ser objeto da considerada muito urgente requalificação”.
E, dizem, ainda: “Com um permanente empurrar de (ir)responsabilidades, continuamos a assistir à degradação das condições de aprendizagem. Sentimo-nos no direito, como parte diretamente interessada, de questionar acerca das razões que motivam estes sucessivos adiamentos”.
E concluem: “Sabemos que a direção do agrupamento tem alertado, repetidamente, para a situação, junto das mais diversas instâncias e que garantiu mesmo o projeto de arquitetura da requalificação. Sabemos do empenho e da luta incansável da diretora do agrupamento que nunca se poupou a esforços para que a urgência de obras continuasse, ano após ano, na ordem do dia. Reclamamos da Câmara de Amares a resolução definitiva da situação, não a deixando perpetuar-se no tempo”.