O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) proibiu a observação de golfinhos na foz do Estuário do Sado até final de agosto.
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O organismo estatal delineou zonas onde não é autorizada a permanência, a fundeação e a observação de cetáceos, apenas sendo permitida a circulação/passagem de embarcações. Esta zona estende-se entre a Doca dos Pescadores em Setúbal, a Tróia, na foz do Sado, até à praia da Figueirinha, na Serra da Arrábida.
A população residente de roazes do estuário do Sado conta atualmente com cerca de 25 indivíduos, muitos dos quais com idade superior a 40 anos. De acordo com o ICNF, após a tendência de declínio observada na década de 90, seguiu-se um ligeiro incremento originado pela sobrevivência das crias nascidas a partir de 2010. "Continuam, no entanto, a existir fatores de risco que podem dificultar a capacidade de recuperação da população e a tornam especialmente vulnerável a perturbações antropogénicas", lê-se no comunicado do ICNF.
Marítimo turísticas garantem visitas
As empresas de avistamento de golfinhos garantem que as viagens para avistamentos vão continuar a realizar-se normalmente e consideram que a verdadeira fonte de perturbação é a indústria naval no Estuário do Sado. José Saleiro, vice presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE), considera que "são as empresas de avistamentos as principais interessadas na conservação da espécie, mas são tratadas como parte do problema".
O representante de empresas turísticas no Sado salienta que a proibição é apenas "numa zona de passagem de golfinhos, não em todo o Estuário, onde há avistamentos desde a Comporta. Por isso, as viagens vão continuar a realizar-se". José Saleiro aponta ainda para uma medida tomada "à revelia dos operadores" e que "nem foi dado a conhecer o estudo pelo qual o ICNF decidiu". A medida de proibir a observação de golfinhos surge de um Estudo de Reavaliação da Capacidade de Carga - Observação de Cetáceos no Estuário do Sado, que decorreu entre 2020 e 2023, efetuado pela equipa do CICS.NOVA da NOVA FCSH.
No início do ano, ao JN, o ICNF dava conta que não havia novos nascimentos desde há dois anos. Antes disso, em 2020 nasceram três crias, Coral, Bolha e Neptuno. Em 2019 nasceram duas e em 2018 nasceram três, o mesmo número de 2017.
Ainda no sentido de proteger a comunidade residente de golfinhos no Estuário do Sado, há cerca de cinco anos foram estabelecidas regras para as embarcações de avistamento de golfinhos. Estas podem continuar a fazê-lo, mas fora da zona agora proibida. Não podem estar mais que três em simultâneo, nem seguir à frente dos animais, nem ficar mais de 30 minutos em simultâneo ou aproximar mais de 30 metros. As regras surgem para diminuir o stress dentro da comunidade.
O valor das coimas para as empresas que não cumpram as regras agora definidas partem dos 150 mil euros até aos 40 mil. Para as pessoas singulares, que não têm empresa, os valores oscilam entre os 2500 euros e os 3750 euros.