Quem vai à praia do Barril, em Tavira, já conhece Joaquim Guerreiro e o seu carrinho de rodas amarelas. Mas, este ano vai ser o primeiro verão em 30 anos que o carrinho não se vai passear pelo areal.
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O senhor Joaquim, como é chamado por todos os que já o conhecem, tem 58 anos, dos quais 30 foram passados a vender bolas de Berlim no Barril. Até ao ano passado, o vendedor empurrava o seu carrinho, que construiu para o efeito, pela praia de Tavira. Contudo, em janeiro, a circulação do mecanismo de rodas amarelas foi proibida.
"Quando recebi a habitual licença anual de venda foi-me dito pela autoridade marítima que não podia usar o carrinho", contou o vendedor ambulante ao DN. "Não há uma razão aparente. O carrinho não prejudicava ninguém, as rodas eram pneumáticas, as bolas bem acondicionadas e tudo era manual, puxado à mão"
A história do conhecido vendedor da praia do Barril foi levada para as redes sociais, onde os banhistas criticam a decisão. "Na mesma costa onde se aprova a exploração petrolífera, proíbe-se um carrinho onde a única força motora são os braços de Sr. Joaquim Guerreiro", escreveu Alícia Lopes, numa publicação que se tornou viral no Facebook. "Prefiro comer uma bola de Berlim que é corretamente acondicionada num carrinho criado com preocupação do que de uma cesta que vai centenas de vezes ao chão".
https://www.facebook.com/alicia.lopes.372/posts/10216260560216550
Desde 1982 que Joaquim Guerreiro vende bolas de Berlim, cujo fornecedor é o negócio de família "Bolinhos de Cabanas", que é agora gerido pela neta. A preferência manteve-se sempre pela frescura e qualidade, sendo a massa preparada e frita todas as manhãs, antes de colocado o creme.
O conhecido vendedor tentou recorrer da decisão, encaminhando o pedido para a Agência Portuguesa do Ambiente, em vão. Ainda assim, e mesmo sem carrinho, o senhor Joaquim vai continuar a passear-se pelo areal da praia do Barril e a vender bolas com creme a 1,40€.