A Corane - Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina apresentou, esta quinta-feira, em Miranda do Douro, o projeto Aldeias sem Fronteiras, com o objetivo de quebrar o isolamento dos idosos, recolher os seus saberes, e, ao mesmo tempo, promover o convívio com as crianças e jovens.
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“Nas aldeias praticamente já não há escolas primárias. A maioria das crianças são deslocadas para as sedes de concelho, saem de casa de manhã e só regressam ao fim do dia. Praticamente só estão nas aldeias durante o fim-de-semana. Por outro lado, os idosos estão cada vez mais isolados, porque não há convívio”, explicou Luísa Pires, coordenadora da Corane.
A ideia da associação passa por “promover o convívio entre gerações e a partilha de conhecimento para que a cultura não se perca”, referiu Luísa Pires.
A organização de atividades que juntem várias gerações serão pontos altos do projeto. “Terão de ser feitas quando os mais jovens não tiverem aulas e estiverem nas aldeias, ou ao fim da tarde ou aos fins de semana”, explicou a responsável salientando que “é importante” que as crianças deixem de estar tão dependentes da tecnologia. “Estão sempre agarrados aos écrans, mas podem fazer outras atividades através da valorização dos saberes mais antigos”, destacou Luísa Pires.
A Corane já começou a recolher histórias, memórias, receitas e tradições junto das populações mais velhas do concelho de Vimioso, mas em breve vai partir para o terreno em Miranda do Douro. “Estivemos na aldeia de Algoso, em Vimioso, e as pessoas ficaram muito entusiasmadas por participar. Vamos recuperar jogos tradicionais, aproveitar os conhecimentos do mais velhos para ensinar os mais novos. Queremos recuperar a arte de tocar realejo, que já ninguém toca, mas os idosos têm esses instrumentos, sabem tocar e podem tocar”, acrescentou Luísa Pires.
A Corane trabalha nos concelhos de Bragança, Miranda do Douro, Vimioso e Vinhais.