Estrada que serve quatro concelhos e é das mais usadas da região mantém vários problemas.
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Três anos depois de ter sido apresentado, o Programa Metropolitano para a Qualificação Urbana da Circunvalação ainda não saiu da gaveta e não há data prevista para o arranque das obras no terreno. Revelado em 2017, previa-se, à data, que os trabalhos pudessem avançar em 2018. Questionados pelo JN, os quatro municípios envolvidos no programa de requalificação - Gondomar, Porto, Maia e Matosinhos - remeteram esclarecimentos para a Área Metropolitana do Porto (AMP) que não respondeu em tempo útil.
Os problemas naquela via, uma das mais utilizadas da região, persistem e a população continua a exigir os melhoramentos prometidos. Questionada pelo JN, a Infraestruturas de Portugal, entidade responsável pela gestão da estrada, também não respondeu.
O projeto, partilhado pelos quatro municípios e com um investimento estimado de 58 milhões, previa para a via de 17 quilómetros a construção de passeios, ciclovias e um canal dedicado a transportes públicos, entre outros melhoramentos. Contudo, nada avançou.
Após a apresentação do estudo prévio, elaborado sob coordenação da AMP, "seguiram-se reuniões com a Infraestruturas de Portugal (IP), entidade que não se mostrou disponível para investir na via, propondo, em alternativa, a transferência a título definitivo da EN12 para os municípios", esclareceu ao JN a Câmara de Gondomar, a única das quatro envolvidas a prestar algum esclarecimento sobre o processo.
Plano de investimentos
Essa proposta da IP, que contemplava a transferência de 85 mil euros pelos 17 quilómetros de via para os municípios, foi rejeitada. "Carecia de viabilidade financeira", sendo que "não garantia sequer o valor mínimo para a pintura de passadeiras e sinalização horizontal", acrescentou a Autarquia gondomarense, lembrando que incluiu a requalificação da EN12 na sua proposta para o Plano Nacional de Investimentos.
A degradação das bermas é cada vez mais notória e a falta de passadeiras empurra, constantemente, os peões para o meio da estrada. "Nesta zona do S. João, passeios há poucos ou quase nenhuns", diz João Lacerda, que chega da Maia para uma consulta no hospital. "Os acessos não têm jeito nenhum!", critica.
Para quem tem limitações na locomoção, percorrer a Circunvalação pode tornar-se um verdadeiro desafio. Além da ausência de passeios em grande parte da via, a falta de acessos aos transportes e o pouco estacionamento são outras das falhas apontadas.
"A falta de acessos é muito grave", reclama António Almeida , 62 anos, que se desloca em cadeira de rodas. "Tenho de ir pela Circunvalação, em contramão, porque não há passeios nem bermas. Além disso, o trânsito é caótico e para vir de Pereiró (Porto) ao hospital para a fisioterapia chego a demorar perto de duas horas de autocarro", lamenta.
Além da zona do Hospital de S. João, o Amial e a Areosa são outros pontos problemáticos desta via.
Metro pode ser solução
Carlinda Magalhães, 48 anos, mora em Custóias, Matosinhos, e trabalha numa mercearia no Amial, no Porto. "Tenho de atravessar este pedaço da Circunvalação para vir trabalhar e é horrível. Seja de carro ou de transporte público, em horas de ponta isto é mesmo um caos", aponta.
De acordo com a Câmara de Gondomar, ainda não há informação sobre a aceitação ou não da proposta ao Plano Nacional de Investimentos. "No entanto, o protocolo assinado no passado dia 21 de fevereiro (para a expansão da rede de metro no Grande Porto) prevê o estudo de uma linha de metrobus, o que poderá ser uma alternativa ao estudo apresentado em 2017", revelou a Autarquia gondomarense.
Na zona da Areosa, acredita-se que o metro poderia ser uma solução. "As obras são muito necessárias. O viaduto que construíram não resolveu nada, por isso acho que se o metro passar aqui poderá fazer a diferença no trânsito", destaca Isabel Maria, 63 anos, que mora naquela zona.
O projeto de 2017 previa a manutenção do viaduto da Areosa, que ainda assim seria alvo de um estudo aprofundado, tal como a rotunda da AEP. O nó do S. João seria "objeto de projeto específico".