Apontada falta de estacionamento e de espaços verdes no Centro Histórico de Amarante.
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O arquiteto Souto Moura pretende cortar a meio a Alameda Teixeira de Pascoaes, em Amarante, para permitir o prolongamento da área adjacente ao mercado municipal, bem no coração do Centro Histórico da cidade. É a resposta do arquiteto, no valor de 150 mil euros, ao desafio lançado pela Autarquia para requalificar o mercado e "fazer toda a sua integração na alameda". Porém, a obra não é do agrado de boa parte da população, que não vê com bons olhos o fim do estacionamento na cidade.
Além disso, teme-se que o abate de árvores massivo torne aquele local, aprazível no verão, insuportável. "Temos as árvores que, com o projeto, terão de ser derrubadas e abatidas, transformando-o em eiras áridas", disse a professora Anabela Magalhães.
No inverno, há idênticos receios com a utilização de mobiliário urbano em granito, frio, atendendo que a zona é muito húmida.
"O problema de requalificação do mercado não o posso resolver, porque é um edifício marginal num buraco. Para o rio tem uma fronteira, para trás tem um talude e para poente outro. A nascente, há uma plataforma que liga às termas", justificou Souto Moura na apresentação do projeto, defendendo por isso "o redesenho do circuito à cota baixa fluvial".
O autarca José Luís Gaspar fala na "necessidade de requalificar" o mercado, uma "obra classificada". "Os amarantinos sempre disseram que é necessário que a cidade interaja mais com o rio", argumenta, confessando "adorar" o projeto, embora "a ideia não esteja fechada". Quanto à falta de estacionamento, contrapõe que o plano de mobilidade, já aprovado, prevê a construção de três novos parques e ainda uma linha de transportes urbanos que farão a ligação dos parques durante o dia.
Sendo uma zona classificada, qualquer intervenção está dependente de parecer da Direção-Geral do Património Cultural. Souto Moura sabe disso e, valendo-se da história (vestígios apontam para uma escadaria de acesso ao rio que, entretanto, foram anuladas com a construção de um muro para sustentar o alagamento da atual Alameda Teixeira de Pascoaes) para convencer a DGPC a autorizar o projeto, que amputará cerca de 50% da área da alameda.
Segundo o projeto, o muro que a delimita, assim como a beira-rio, seria recuado até ao jardim. Os ganhos de espaço obtidos com o recuo permitirão que a atual plataforma na zona poente do mercado (agora é ocupada pelos feirantes em dia de feira e serve de estacionamento no resto dos dias) seja prolongada em vários metros para expandir a feira.
Na zona do atual quiosque nascerá ainda uma escadaria de acesso ao mercado em forma de anfiteatro romano. O projeto prevê ainda a remodelação das lojas existentes e a criação de mais duas, um restaurante e uma esplanada.
Pormenores
Parques
O plano de mobilidade prevê a construção de três parques de estacionamento: um na zona do Arquinho, outro nas Bucas e o terceiro junto ao antigo hospital.
Mais críticas
Elisa Antunes, do BE, afirma que que "não se pode olhar para Amarante como Roma ou o Porto", porque não há transportes públicos, é necessário o carro e locais de estacionamento.