O Município de Fafe apresentou um projeto para requalificar o logradouro traseiro do edifício do tribunal onde, desde 1981, está situada a estátua da Justiça de Fafe, ícone local. O desenho feito pelos serviços da Autarquia não é do agrado de vários setores da sociedade já que contempla o abate de árvores que, há mais de 50 anos, embelezam o espaço.
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"O projeto respeita o debate público efetuado em 2012. Tendo sido elaborado de forma muito participada pelos técnicos do Município, está a ser ultimado por forma a ser lançado o concurso, prevendo-se para breve o início da obra", explicou o presidente da Câmara, Antero Barbosa.
De facto, em 2012, foi lançado o debate quanto a uma possível deslocalização da estátua e, à data, ficou definido que deveria permanecer no local de sempre, mas com uma requalificação. A ideia da Autarquia é construir uma nova praça, colocando a estátua à cota da rua, com um espaço de 1300 metros quadrados e a palavra Fafe em letras tridimensionais para promover o ícone do concelho. "Será mais um ponto de interesse para que sejamos visitados e será criada uma nova centralidade com um caráter multifuncional com capacidade para acolher diversos eventos", reforçou o edil.
A maior crítica de que está a ser alvo o projeto tem a ver com o abate das árvores. Antero Barbosa diz não aceitar o rótulo de "inimigo do ambiente" e assegurou que será avaliada a hipótese de transplantação de algumas árvores "para local provisório, analisando-se a possibilidade de as árvores serem replantadas na área ajardinada que será criada na Praça da Justiça", que, independentemente disso, terá "árvores de grande porte procurando respeitar as espécies lá existentes".
Abaixo-assinado
Um grupo de cidadãos, que formou o Movimento Cívico em Defesa do Jardim do Palácio da Justiça, elaborou um projeto alternativo em que as árvores são preservadas, mantendo a elevação do local com um novo acesso a partir de uma larga escadaria. "A preocupação é manter este espaço verde com o qual convivemos há décadas, mas, havendo necessidade de uma intervenção, a nossa proposta não prevê o abate das árvores nem a impermeabilização do solo com placas de cimento e/ou outros materiais que absorvem e refletem a energia solar de modo mais intenso, aumentando assim a temperatura e a falta de humidade no ar", defende o abaixo-assinado com centenas de nomes.
Também Paulo Santiago, professor de música, enviou uma carta aberta ao autarca em que expôs várias razões para que caia o projeto da Câmara, apelando à "consciência coletiva. É uma excelente oportunidade de fazer política com as pessoas e ouvir. É uma questão de diálogo", defendeu.