Nos próximos seis anos vão ser investidos cerca de 11 milhões de euros num projeto para salvar o tartaranhão-caçador, uma ave em perigo, em Portugal e Espanha, numa ação promovida pela Associação Palombar, sediada em Uva, no concelho de Vimioso.
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Trata-se de um dos cinco projetos portugueses aprovados pela União Europeia (UE) no âmbito do Programa Life, que conta com um financiamento comunitário de 75%, o equivalente a oito milhões de euros, que propõe recuperar uma espécie que nos últimos anos passou de um estatuto populacional “Seguro” na UE para “Ameaçado”.
Através deste projeto visa-se melhorar o estado de conservação desfavorável de “Mau” para “Inadequado” e evitar que o estado de conservação seja rebaixado para “criticamente em perigo”.
A UE concedeu mais de 380 milhões de euros a 133 projetos de toda a Europa para o ambiente e a ação climática. O montante atribuído representou mais de metade das necessidades totais de investimento de 574 milhões de euros para estes projetos, sendo o restante proveniente dos governos nacionais, regionais e locais, de parcerias público-privadas, de empresas e de organizações da sociedade civil.
O projeto LIFE SOS Pygargus - Ações urgentes de conservação das populações de tartaranhão-caçador (Circus pygargus) “tem como objetivo principal proteger o tartaranhão-caçador, promovendo medidas de conservação para melhorar o seu habitat e mitigar as principais ameaças à espécie”, explicou uma fonte ligada a esta iniciativa.
Com ações focadas no território português e no oeste de Espanha, o LIFE SOS Pygargus atuará em colaboração com comunidades locais, agricultores, investigadores e entidades públicas e privadas, com vista a implementar uma gestão sustentável que apoie o aumento da sua população e permita reduzir o estatuto de ameaça desta espécie cada vez mais em risco.
A implementação de práticas de agricultura amigas da biodiversidade, redução de ameaças e apoio à gestão das áreas protegidas são algumas das medidas propostas para concretizar a médio prazo, para alcançar “uma recuperação significativa da população de tartaranhão-caçador, valorizar práticas agrícolas mais sustentáveis e aumentar a sensibilização pública para a sua importância ecológica”, indicou a mesma fonte.
O tartaranhão-caçador é uma ave de rapina migratória que nidifica no solo e está profundamente associada às terras agrícolas com culturas de cereais e forragens. “É vulnerável a alterações nas práticas agrícolas que levam à destruição dos ninhos e à exposição a níveis de predação mais elevados; a condições meteorológicas extremas; e à perda de habitat associada à redução das culturas cerealíferas a favor de outras culturas e utilizações do solo, muitas vezes subsidiadas por políticas agrícolas ou florestais”, acrescentou a fonte.
Em Portugal, com um estatuto de “Em Perigo”, a ave enfrenta um declínio contínuo e acentuado das suas populações nos últimos anos (taxa de 8% ao ano), com uma redução estimada de 80% da população nos últimos 10 anos.