A propagação de fumos tóxicos causados pelo incêndio que há mais de um dia consome resíduos num centro de reciclagem no Ludo constitui, ainda que em pequena escala, um risco para a saúde pública, estimou esta terça-feira um especialista.
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O fogo, que deflagrou na madrugada de segunda-feira e já consumiu toneladas de plástico e madeira, entre outros materiais, mantém-se sob vigilância dos bombeiros, que conseguiram evitar que se propagasse para o pinhal contíguo.
Contudo, apesar de estar confinado às instalações do centro existem riscos para a saúde pública causados pela propagação de fumos "altamente tóxicos", disse à Lusa um docente de Engenharia do Ambiente da Universidade do Algarve (UAlg).
"Tem efeito a uma escala relativamente pequena, mas a exposição prolongada ao fumo constitui um risco sobretudo para os bombeiros e pessoas com problemas respiratórios, idosos ou crianças", refere Luís Nunes.
Apesar de considerar que vai ser difícil quantificar os danos para o ambiente causados pelo fogo, aquele responsável não duvida que aquele centro não devia estar localizado tão próximo de uma reserva natural.
O centro de reciclagem da empresa Inertegarve situa-se junto ao Parque Natural da Ria Formosa, numa área de baixa densidade de construção onde são autorizadas aquelas actividades.
Carmen Lima, da associação ambientalista Quercus, aponta ainda a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera como uma das consequências ambientais do fogo, a par de impactos de ordem económica.
"Estão a ser queimados resíduos que podiam ser valorizados e que depois de incinerados já não o podem ser", refere, sublinhando que se trata de matéria-prima que perde "valorização ambiental e económica".
A ambientalista lembra que materiais como a madeira e o plástico são "um rastilho" por serem inflamáveis e que por isso o seu tempo de armazenamento deve ser o mais curto possível.
"Não se tratam de resíduos perigosos, mas têm algum perigo e têm que ser geridos com bom senso", afirma, considerando que o ideal seria que aqueles materiais fossem processados assim que chegam aos centros.
O centro existe há cerca de três anos e dedica-se à reciclagem de resíduos de construção e demolição, material que é depois encaminhado para centros de tratamento, explicou.
Embora esteja também licenciado como aterro, a empresa não está ainda a dedicar-se a essa actividade.