Os moradores que se concentraram em protesto, ao início desta manhã, em frente à mesa de voto na ilha da Culatra, no Algarve, abandonaram o protesto cerca das 9.15 horas, seguindo ordens policiais.
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"Recebemos ordens para sair e vamos cumprir. Somos pessoas honestas e cumpridoras", disse José Lezinho, presidente da Associação de Moradores dos Hangares. Falava aos manifestantes instantes depois de uma conversa com a Polícia Marítima, no pátio da escola básica da ilha da Culatra, que acolhe a mesa de voto.
"Sempre cumprimos com as regras. Vamos recolher as nossas coisas e vamos embora", acrescentou José Lezinho.
Dezenas de pessoas manifestam-se com palavras de ordem e cartazes ao início da manhã deste domingo em frente à Escola Básica da Culatra. São moradores do núcleo habitacional dos Hangares, na ilha da Culatra, no Algarve, e queixam-se da falta de água canalizada, de saneamento básico e de eletricidade.
Queixam-se também da falta de transportes públicos, visto que o barco que faz a carreira entre o território continental e a ilha não pára nos Hangares, mas tem paragens nos outros núcleos habitacionais da ilha da culatra.
"As pessoas estão muito desiludidas e sentem-se abandonadas", disse José Lezinho. Para marcar o protesto, "com solidariedade e não com austeridade, como diz o primeiro-ministro", a Associação de Moradores dos Hangares está oferecer o pequeno-almoço a todos os que se deslocarem à mesa de voto. "Quer votem ou não, porque são livres de o fazer", disse José Lezinho.
O portão da escola básica da ilha da Culatra foi fechado a cadeado durante a madrugada. A Polícia Marítima usou uma rebarbadora para cortar o cadeado e abrir a mesa de voto.
A Associação de Moradores assume a colocação dos cartazes, mas diz que não sabe quem fechou o portão a cadeado.
A Ilha da Culatra é formada pelos núcleos habitacionais da Culatra, Farol e Hangares. Neste último, há 95 residentes permanentes, de acordo com os dados dos últimos Censos. As casas não têm saneamento básico nem água canalizada.
Não é a primeira vez que se registam incidentes durante atos eleitorais na Culatra, tendo já havido vários boicotes. Num deles, em 2002, ninguém foi a votos nas autárquicas como forma de protesto contra a falta de uma rede de esgotos e de abastecimento de água. Em 2014, os habitantes dos três núcleos habitacionais desta ilha-barreira da Ria Formosa boicotaram as eleições europeias e a abstenção foi total. A mesa de voto funcionou, mas ninguém votou. Em causa estava a exigência da regularização no processo de legalização das casas.
* com Augusto Correia