Comerciantes contestaram e empresa começou a remover placas metálicas com quase dois metros na Rua de Mouzinho da Silveira, no Porto. Em causa obra de desvio do rio da Vila.
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A Metro do Porto foi sensível aos apelos dos comerciantes da Rua de Mouzinho da Silveira e começou ontem a retirar as placas de segurança nos passeios que tapam a visibilidade e afastam a clientela, apurou o JN. Em causa está a vedação instalada para a obra de desvio do rio da Vila, incluída no projeto de construção da nova estação de metro de S. Bento.
Mais de 50 pessoas subscreveram um abaixo-assinado e enviaram-no à empresa, em protesto contra a instalação das chapas . Segundo dizem, havia a promessa de a obra começar só em janeiro, de forma a que todos conseguissem recuperar com as vendas de Natal parte dos prejuízos acumulados por meses e meses de pandemia.
Ao JN, fonte da Metro do Porto contraria esta versão dos comerciantes e refere que só a vedação do estaleiro, na Rua de Sousa Viterbo, é que seria instalada no início do ano. Ainda assim, tendo em conta as preocupações levantadas pelos lojistas, em reuniões e através do abaixo-assinado, a empresa resolveu retirar agora parte das placas de Mouzinho da Silveira até 10 de janeiro. A obra deve durar um ano.
Ocultam as lojas
São várias as queixas dos comerciantes. A vedação de segurança para peões tem quase dois metros de altura e é composta por chapas metálicas que ocultam as lojas por completo. Não tem qualquer abertura ao longo de todo o quarteirão entre o Mercado Ferreira Borges e o Largo de S. Domingos, voltando a ser fechada daí para cima, até ao número 127 da Mouzinho da Silveira. Por outro lado, há quem se veja impossibilitado de entregar em casa dos clientes peças de maior dimensão, por não haver forma de transportá-las desde a loja até um camião.
Do mesmo modo, não se prevê trabalho fácil para uma equipa de socorro que tenha de responder a um caso de emergência médica ou a um incêndio. A esta questão, os signatários acrescentam o receio de assaltos.
Ainda a tentar recuperar as vendas depois de meses de prejuízos, os comerciantes estavam confiantes em relação ao Natal. "Agora vem isto para nos cavar a sepultura", afirmou ao JN Vítor Costa, marido da proprietária de uma loja de vestuário. Álvaro Duarte gere um negócio de rolhas e fala em "desrespeito" pelo estabelecimento fundado em 1850. "Há muitos dias que não vendo nada, não tenho clientes", acrescentou. Por seu turno, Manuel Pinto, comerciante de vinhos, disse que devia haver cartazes grandes a indicar que ali há lojas e descontos para clientes no parque de estacionamento.
Minimizar impactos
A Metro do Porto referiu ao JN que "o tipo de vedação a utilizar em cada frente de obra e em diversos pontos de cada estaleiro decorre de uma cuidada avaliação das condições de segurança". A empresa acrescentou que está "aberta a estudar e viabilizar, sendo possível, todas as possibilidades de melhoria nas condições de acessibilidade", procurando "fazer tudo o que está ao seu alcance para minimizar os impactos".
A saber
Nova intervenção
A obra em causa visa desviar o curso do rio da Vila, linha de água subterrânea que já tinha sido alvo de uma intervenção. A empreitada deve-se à construção de mais uma estação em S. Bento, que vai servir a futura Linha Rosa.
Mais profundo
Segundo a empresa Metro do Porto, o rio vai ficar a 20 metros de profundidade, prevendo-se que não seja necessário voltar a desviá-lo.
Linha Rosa
A Linha Rosa vai ligar a estação da Casa da Música à Baixa do Porto, servindo sobretudo as zonas da Galiza e do Hospital de Santo António.