
Almoços nas escolas do Ensino Básico são da responsabilidade da empresa municipal BragaHabit, das juntas ou associações de pais
Arquivo Global Imagens
Presidente nega, mas vai reanalisar os rendimentos das famílias de 700 crianças que devem 36 mil euros. E avisa os que podem: ou pagam ou o filho fica sem refeição.
O Partido Socialista (PS) acusou, ontem, a Câmara de Braga de "insensibilidade social" ao deixar que haja alunos do Ensino Básico sem almoço, devido ao atraso dos pais no pagamento das refeições. Mas a Autarquia diz que, até agora nenhum aluno ficou sem comer, por iniciativa da empresa municipal BragaHabit que serve refeições na maioria das escolas e à qual os pais de 700 crianças devem 36 mil euros.
O vereador Hugo Pires, do PS, disse ao JN que a situação lhe foi sinalizada por algumas juntas de freguesia. "Dizem-nos que são estas autarquias que pagam as refeições a alunos cujos pais se atrasaram no pagamento e que a Câmara não quer saber", afirmou, dizendo que já houve situações de crianças que ficaram sem comer.
Listas de devedores afixadas
Hugo Pires critica, ainda, o facto de haver escolas, como a de São Lázaro, que afixam publicamente listas de pais com dívidas e diz que sabe da existência de casos de alunos sem almoço, mas não sabe se se prendem com refeições fornecidas pela empresa municipal BragaHabit, ou se são alunos a quem o almoço é dado por associações de pais ou juntas de freguesia.
Hugo Pires reconhece que o tema "é delicado" e que o orçamento municipal não estica, mas diz que as crianças não são números. "Se o PS fosse poder e fosse necessário, não gastaríamos dinheiro em eventos como os da Noite Branca, porque as crianças estão primeiro", disse ao JN.
Na reunião, o presidente da Câmara, Ricardo Rio, negou que alguma criança tenha ficado sem almoçar por iniciativa municipal, e lembra que há 36 mil euros de dívidas de refeições. Sobre a escola de São Lázaro disse ao JN que os almoços estão a cargo da associação de pais. "A informação que me deram é a de que ninguém ficou sem almoço", afirmou.
Ricardo Rio revelou, ainda, ter já acordado com o gestor da BragaHabit, Carlos Videira, que as famílias com refeições em dívida, serão contactadas. "Se a sua situação socioeconómica piorou, então será revisto o escalão em que os filhos estão e deixarão de pagar. Caso contrário, terão de o fazer porque têm rendimentos para isso", salientou, acentuando que se trata de uma questão de justiça social.
O edil avisou, no entanto, que quando o processo de reanálise dos rendimentos das famílias estiver concluído, as que tiverem condições de pagar, nos termos legais, terão de o fazer, sob pena de não serem fornecidos mais almoços aos filhos".
Contra Linha de Saúde de apoio à população
O PS votou contra a parceria entre a Autarquia e a Universidade do Minho para a criação de uma linha local de saúde - paralela à Saúde 24 - para que os munícipes possam ter apoio no diagnóstico de problemas de saúde. Hugo Pires diz que os 100 mil euros envolvidos seriam melhor investidos no apoio às famílias. O PS também votou contra um apoio idêntico ao programa Braga a Sorrir, que disponibiliza dentista gratuito. Já Bárbara Barros, da CDU, votou a favor nos dois casos, mas defendendo que devia ser o Estado a fornecer o serviço.
