O PS pediu esta terça-feira antes do início da Assembleia Municipal de Setúbal a marcação de uma Assembleia Extraordinária para votar a criação de uma Comissão de Fiscalização da Conduta da autarquia no acolhimento de refugiados ucranianos. Paulo Lopes, deputado do PS, criticou o presidente da autarquia setubalense por não responder às questões colocadas pelos socialistas e apresentou uma moção de censura à CDU.
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"Queremos saber se houve refugiados a fugir de Setúbal depois desta situação, se há capacidade para acolher refugiados, quem pediu que Igor Khashin realizasse as entrevistas aos refugiados em nome da câmara, tendo em conta que não é funcionário da autarquia", disse Paulo Lopes. "Estas e muitas outras questões estão por responder e, por isso, o PS apresenta uma moção de censura à atuação política do presidente da câmara e do executivo CDU", prosseguiu Paulo Lopes, apresentando depois um requerimento para uma nova Assembleia Municipal para votar a criação de uma Comissão de Fiscalização da Conduta da autarquia no acolhimento de refugiados ucranianos.
Em resposta, João Afonso, deputado do PCP, referiu que esta polémica mostra "que o que está em causa são os resultados das eleições de setembro, e há partidos que não suportam o resultado". "Compreendemos as frustrações, mas a população confia na CDU, como se alguém no seu juízo considere que o PCP apoia a guerra ou Putin", avançou.
João Afonso afirmou ainda que "a partir duma notícia dum jornal, os procedimentos foram colocados em causa e a não ser que alguma força saiba algo que não sabemos, bastou para oportunistas se colocassem em bicos de pés para insinuações. Alguns dizem que o município deve saber as orientações políticas dos trabalhadores e que ligações tenham a governos estrangeiros". Para concluir, o deputado disse que "o objetivo é enfraquecer a CDU e o ataque à transformação do concelho pela CDU que está ao lado da paz contra a guerra e a aguardar as conclusões dos inquéritos que correm".
André Martins: "Não compete às autarquias investigar se há espiões, se é que eles existem"
O presidente da Câmara Municipal de Setúbal voltou a falar esta terça-feira sobre a polémica da receção de refugiados ucranianos em Setúbal e disse estar disponível para colaborar com todas as entidades para investigar o caso. "Não compete às autarquias investigar se há espiões, se é que eles existem", disse André Martins durante a Assembleia Municipal de Setúbal.
"Hoje informo que estão a decorrer diligências de investigação sobre a atuação do gabinete de apoio a refugiados ucranianos pela Inspeção Geral das Finanças, pela Comissão de Proteção de Dados, bem como a Polícia Judiciária", afirmou André Martins, que reiterou depois a indisponibilidade para falar publicamente sobre o assunto.
"Não podemos dizer nada que perturbe apuramento dos factos pelas diversas entidades, e fomos nós que pedimos ao Governo para que se fizessem todos os esforços para investigar o gabinete de atendimento aos refugiados em Setúbal no sentido de clarificar a situação", afirmou o presidente da autarquia.
André Martins falou ainda sobre a nomeação de um encarregado de proteção de dados. "Assim que soube que não estava a aplicar a lei fiz o despacho para nomeação e foi lançado procedimento para criação de um regulamento. Soubemos que muito poucas autarquias têm este encarregado pela sua complexidade e pedi apoio à Comissão de Comissão de Proteção de Dados com vista à nomeação do encarregado".