Luísa Salgueiro aclamada. Socialistas recolhem sete em onze vereadores e vão governar sem partilha. PSD obtém dois mandados, António Parada e CDU com uma vaga para cada um.
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O primeiro aplauso na sede concelhia do PS foi escutado rigorosamente às 21 horas, com a projeção da eleição de Inês de Medeiros, em Almada, mas a maior ovação ainda teve de aguardar para lá da meia-noite, quando Luísa Salgueiro chegou à sede de campanha. A recandidata foi eleita e vitoriada. Vai governar Matosinhos mais quatro anos, agora em maioria absoluta.
Em 2017, o PS elegeu cinco vereadores e equilibrou-se com a atribuição de pelouros (Transportes, Mobilidade e Proteção Civil) ao vereador eleito pela CDU, José Pedro Rodrigues. Desta vez, os socialistas têm sete mandatos, correspondentes a 43,62% do eleitorado (30 373 votos).
O PSD, resgatado por Bruno Pereira, recolheu 17,25% (12 015 votos) e tem assegurados dois vereadores (um em 2017). O movimento independente de António Parada, que elegeu dois vereadores em 2017, perdeu quase metade da votação (de mais de 12 mil para os 6873 deste domingo) e elege apenas um vereador. A CDU (6,58%, 4580 votos) volta a eleger o cabeça-de-lista, o mesmo José Pedro Rodrigues, mas, agora, sem atribuição de pelouros.
De resto, a vitória socialista foi em toda a linha: maioria na Assembleia Municipal (39,93% e 15 de 33 mandados) e recondução da liderança nas quatro uniões de juntas (Custóias, Leça do Balio e Guifões; Matosinhos e Leça da Palmeira; Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo; S. Mamede de Infesta e Senhora da Hora.
Narciso "muito triste"
O socialista - "Sem cartão, mas de convicção", diz o próprio - que em 2017 concorreu como independente e que obteve a segundo maior votação, com 16,19%, felicitou-se por verificar que a maioria dos 12 949 votos que colheu há quatro anos foram agora maioritariamente distribuídos pela família "rosa" e pela candidatura de Luísa Salgueiro. "Mas ainda não são 66%", diz Narciso Miranda, a recordar a autoria de um recorde histórico, estabelecido em 29 anos e sete mandatos de governação municipal.
Narciso ficou, contudo, "muito triste e muito preocupado" com o nível de abstenção. "É dececionante verificar que mais de metade dos eleitores (53%) não querem saber para nada da eleição do presidente da Câmara de Matosinhos. Eu, que estive na Câmara quase 30 anos, vejo neste alheamento um muito mau sinal para democracia", disse.
Ao antigo autarca resta-lhe o conforto de ver na liderança da Câmara a mulher de quem reclama a tutoria política. "A Luísa Salgueiro já teve um grande mérito. Recuperou o primado da democracia em Matosinhos", considerou Narciso.
Para os próximos quatro anos, as prioridades de Luísa Salgueiro estão definidas pela própria: coesão e ação social acima de tudo, após dois anos de pandemia e danos sociais e económicos causados pela encerramento da refinaria de Leça da Palmeira e calculados em 5% no PIB anual do concelho (220 milhões de euros).
A pupila do senhor de Matosinhos
Luísa Maria Neves Salgueiro nasceu em S. Mamede de Infesta. É licenciada em Direito e pós-graduada em Direito do Ambiente. Exerceu advocacia até 1999. Foi correligionária e vereadora (1997-2009) de Narciso Miranda, senhor de Matosinhos, entre 1979 e 2005. Foi deputada em quatro legislaturas.
Em 2017, foi escolhida pela Direção Distrital para cabeça-de-lista, em detrimento de António Parada. Recuperou a Câmara para o PS, perdida, em 2013, para o independente Guilherme Pinto. É mulher de muitas competências, traquejada nas comissões parlamentares de saúde, de trabalho ou de segurança. Fora da política, foi também conselheira jurídica da DECO e da Associação de Futebol do Porto. A propósito: é adepta ferrenha do F. C. Porto.