As estruturas concelhias do Bloco de Esquerda e do PSD exigem a exoneração do chefe de gabinete da presidência da Câmara de Espinho, envolvido na mais recente polémica sobre a construção do Estádio Municipal. Nuno Cardoso garante que se mantém no cargo.
Corpo do artigo
A posição do BE e PSD surge em consequência das declarações do presidente do Sporting Clube de Espinho, Bernardo Gomes Almeida, na última Assembleia Municipal.
O responsável pelo clube pediu esclarecimentos sobre a alegada "proposta disparatada" do chefe de gabinete da presidência, que lhe terá dito que "a câmara entregaria a obra ao clube no estado atual e seria esse a ter de resolver o problema da construção do estádio". Bernardo Gomes Almeida disse, ainda, que Nuno Cardoso "sugeriu até um sócio para essa empreitada, ligado a uma empresa de construção".
Em comunicado, o BE precisa que, num almoço com os dirigentes do clube, Nuno Cardoso, chefe de gabinete da presidência (nomeado por Miguel Reis e reconduzido no cargo por Maria Manuel Cruz), "revelou que a obra de construção do estádio de futebol se encontra parada, mantendo-se a presença" de "dois ou três funcionários a disfarçar". Terá dito que que haverá "um problema insolúvel de dotação orçamental, sendo que até poderá ser necessário um novo concurso público com um novo orçamento, para a conclusão" do recinto desportivo.
Acontecimentos reveladores do desnorte e da incompetência do Executivo PS
Lembra o BE, que, após as dúvidas levantadas na Assembleia Municipal, a presidente da Câmara, Maria Manuel Cruz, em declaração à imprensa, deu nota de uma "potencial desconformidade" no processo de contratação pública relativo ao estádio de futebol, pelo que decidiu requerer uma auditoria técnica e financeira à construção da obra.
Segundo o Bloco de Esquerda, que todos são "acontecimentos reveladores do desnorte e da incompetência do Executivo PS, que, não estando preparado para o exercício do poder, tropeça em sucessivos erros de gestão da Câmara Municipal".
Afirma, ainda o BE, "ser imprescindível a imediata exoneração de Nuno Cardoso, cuja atuação e comportamento têm sido de alguém que age à revelia dos eleitos políticos e que, em nome do município, se presta a práticas promíscuas e nefastas para um órgão de poder que urge ser reabilitado nos planos ético e político".
Óbvio que deixou de ter condições para continuar a servir Espinho
Também a comissão concelhia do PSD tomou posição, questionado a presidente da câmara sobre o assunto. Os sociais-democratas querem saber se o chefe de gabinete esteve presente no referido almoço, se proferiu as declarações que agora são conhecidas e se a presidente tinha conhecimento "destas démarches".
Diz o PSD que, a confirmar-se a proposta feita pelo chefe de gabinete, "parece-nos óbvio que este deixou de ter condições para continuar a servir Espinho"
Recordam, ainda, os sociais-democratas, que "a grande alteração do processo da construção do Estádio foi preconizada pelo executivo socialista com a mudança da empresa de construção, ficando a obra entregue à ABB que já tinha em mãos outras grandes obras no concelho de Espinho".
Confrontado, pelo JN, com as acusações do BE, PSD e do presidente clube espinhense, o chefe de gabinete da presidência diz que, "por respeito ao Sporting Clube de Espinho, não me vou alongar quanto às declarações do seu presidente".
Verdade será reposta nos locais próprios
"Repudio veementemente o teor e a forma da sua intervenção, que não dignificam a instituição que representa, remetendo para os locais próprios a reposição da verdade, conforme facilmente se comprovará", disse Nuno Cardoso.
Quanto às posições públicas do BE e do PSD, Nuno Cardoso considerou que "são coerentes com quem, desconhecendo a realidade, se preocupa mais com guerrilhas políticas e partidárias do que com os interesses de Espinho e dos Espinhenses".
Por último, questionado se tem condições para continuar a exercer o cargo, Nuno Cardoso é lacónico: "Naturalmente que sim. Com a tranquilidade de ter verdade do meu lado, comprovadamente esclarecida, e o conforto adicional de saber que as partes envolvidas no processo não se revêm nas declarações e na postura do Presidente do Sporting Clube de Espinho".
O Estádio Municipal começou a ser construído no final de 2020, no mandato camarário do social-democrata Joaquim Pinto Moreira. Deverá ser a futura "casa" do Sporting de Espinho.