Para os sociais-democratas, o presidente da Câmara de Gaia não tem condições políticas para continuar. Mas Eduardo Vítor Rodrigues não tenciona demitir-se e adianta que vai recorrer da sentença de perda de mandato.
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Não é só pela sentença de perda de mandato. É pela sucessão de casos na Câmara de Gaia, um dos quais levou à detenção do antigo vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo. Para os sociais-democratas, o presidente da Autarquia não tem condições políticas para continuar à frente do Município e exigem a sua demissão. Eduardo Vítor Rodrigues recusa sair e já anunciou que vai recorrer da sentença.
“O PSD Gaia confia na justiça e considera que, independentemente de qualquer decisão final, não mais se encontram reunidas condições políticas para a continuidade do presente mandato do presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia”, sustenta, em comunicado, a Concelhia do PSD/Gaia, liderada por Rui Rocha Pereira, que recentemente foi reeleito.
No comunicado, o PSD/Gaia “repudia o estado de degradação e descredibilização da autarquia”, considerando “lamentável que, em menos de cinco meses, mais uma vez o Município gaiense se veja enredado numa interminável teia de condutas ilícitas e altamente censuráveis”. Os sociais-democratas referem-se à detenção de Patrocínio Azevedo, em maio passado, no âmbito da Operação Babel. Recorde-se que o caso deixou o PS órfão de candidato nas próximas autárquicas, uma vez que a sucessão de Eduardo Vítor Rodrigues iria recair sobre o então vice-presidente da Autarquia, que acabou por renunciar a todos os cargos.
“Esta situação de Gaia não é um crime menor. É um ato grave no exercício de funções autárquicas que não pode ser desvalorizado e deve efetivamente levar à perda de mandato de Eduardo Vítor Rodrigues”, concorda o deputado e antigo vice-presidente do PSD, Firmino Pereira, manifestando também “grande preocupação pela sucessão de casos em que o Executivo de Gaia, a terceira maior câmara do país, está envolvida”.
“Já tivemos o vice-presidente da autarquia, Patrocínio Azevedo, detido por indícios de corrupção. Agora, temos o presidente da Câmara condenado por peculato com consequente perda de mandato e sabemos que ainda é arguido num outro processo ligado à contratação pública”, sublinha igualmente o ex-presidente da concelhia do PSD de Gaia.
Apesar das pressões vindas do maior partido da Oposição, que governou a Câmara de Gaia durante 16 anos, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues já deixou claro que não tenciona demitir-se. Pelo contrário. Garante estar inocente e adianta que vai recorrer da sentença.
“Reagirei recorrendo para a Relação e repondo a verdade e a justiça”, prometeu o autarca, citado pela rádio TSF. Mais tarde, declarou-se vítima de “uma injustiça atroz”. E acrescentou: “Estou acusado de ter angariado um carro para fins pessoais e isso é falso. No recurso vão ver”.
Presidente da Câmara de Gaia desde 2013, sucedendo ao social-democrata Luís Filipe Menezes, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues foi condenado pelo Tribunal de Vila Nova de Gaia por um crime de peculato de uso. A juíza condenou ainda a mulher do autarca pela prática do mesmo crime, assim como ao pagamento de uma multa de 8.400 euros cada um.