A coligação Acreditar Lousada, composta pelo PSD e CDS-PP, pediu, esta quinta-feira, em conferência de imprensa, a demissão da presidente da Assembleia Municipal de Lousada, Lurdes Castro (PS), devido ao que consideram de "insultos graves" proferidos na última sessão daquele órgão.
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Como mostra a gravação da Assembleia, que foi transmitida em direto, no YouTube, foram feitos comentários, à margem da reunião, que foram apanhados pelos microfones.
Apuravam-se os resultados da votação de elementos para diversas comissões, quando, virada para o primeiro secretário da mesa, Lurdes Castro profere expressões como "filhos de uma grandessíssima mãe", "cães" e "para a próxima já lhes conto uma história, se houver próxima".
Em causa estará o facto de existirem abstenções, na eleição dos nomes indicados pelo PS, quando tinham sido acordadas listas únicas entre as duas bancadas.
Para Simão Ribeiro, presidente do PSD, foram "insultos" da "maior gravidade" tecidos em relação à oposição e Lurdes Castro tem de demitir-se do cargo de presidente do órgão e renunciar ao mandato na Assembleia Municipal.
"A senhora presidente, depois da contagem de uma votação, julgando estar com o microfone, desligado dirige-se à bancada da coligação Acreditar Lousada como, e passo a citar, "filhos de uma grandessíssima mãe", "cães" e "para a próxima já lhes conto uma história, se houver próxima"", afirma o social-democrata. "Não vemos outro caminho que não o pedido de demissão. Ao proferir tais palavras, alicerçadas numa postura de ódio e fanatismo, Lurdes Castro não está à altura do cargo. Exigimos que se retrate, que peça desculpa aos lousadenses e abandone as funções. Não pode ficar num cargo que exige respeitabilidade, democracia, elevação e respeito. Os lousadenses, quando lhe confiaram o voto, não foi com certeza para tratar os deputados municipais como "cães", não foi para os insultar gravemente", sustenta.
Contactada pelo JN, Lurdes Castro diz que tudo não passou de "um desabafo" no final dos trabalhos da sessão quando já havia "algum cansaço", um comentário "em off" que não foi dirigido a ninguém, e resultado de "falta de honestidade política" da oposição que não cumpriu os compromissos assumidos em reunião de representantes da Assembleia Municipal.
"Não tive intenção de insultar ou ser mal-educada com alguém". Foi um desabafo em off, o microfone nem devia estar ligado, não foi uma expressão dirigida a ninguém", garante a presidente da Assembleia Municipal. "Foi mais um desalento, um desapontamento, mais do que ser mal-educada. Quem me conhece sabe que dentro da Assembleia sempre tratei de forma imparcial quer os membros da oposição quer os da bancada do PS", afiança Lurdes Castro que, garante, não está a ponderar demitir-se "de forma alguma".
O presidente do PS Lousada, José Santalha, define tudo isto como um "fait divers" da oposição. "Aquilo que eles consideram um insulto não foi dirigido a ninguém, foi dito para ela própria e em off", pelo que também não vê motivos para demissão. Pedro Machado, presidente da
Câmara, concorda e sustenta que esta posição da Acreditar Lousada é "patética" e não passa "de uma tentativa de arranjar um caso político". O vídeo completo da última Assembleia Municipal está disponível aqui. As afirmações polémicas foram proferidas por volta das três horas, 31 minutos e 30 segundos.